,” ad te omnis caro veniet”
(todas as criaturas devem comparecer ante Vós).
No Conselho era que os semitas deliberam a respeito de todas as questões relativas ao clã. Qualquer semita, homem ou mulher podia participar com voz e voto. Excepcionalmente nesta reunião apenas os mais velhos tomaram parte, pois quando o grande conselho era convocado, as deliberações eram um tanto demoradas.
No horário marcado todos estavam na casa de Sem. Que tomou a palavra abrindo iniciando a reunião:
- Meus filhos. Sou o último sobrevivente vivo da Grande Calamidade. Sou primogênito de Noé, o Justo. Nasci cem anos antes da punição que o Altíssimo aplicou aos povos dos Antigos. Durante minha infância fui ensinado em todas as artes e ciências dos Setitas, os filhos de Sete, o escolhido de Deus, que receberam a ordem de não se misturar com os Camnitas, os filhos da perdição. Durante longo tempo esta ordem foi cumprida, porém alguns dos nossos filhos casaram com as mulheres Camnitas, e isso os levou a perdição. Meu pai o Justo, nasceu em uma época que os Setitas haviam, quase completamente, abandonado os caminhos do Altíssimo e se pervertido. Ele conservou-se fiel as promessas recebeu a benção de sobreviver a Grande Calamidade, juntamente com seus filhos e suas esposas. Meu irmão, Cam, que havia muito se lembrava da corrupção dos Antigos e desejava ardentemente em seu coração entregar-se a ela, ansiava a morte de Noé, para se rebelar contra o Altíssimo, o que fez imediatamente, sem esperar o corpo de meu pai esfriar, ele ensinou a seus filhos toda a corrupção e irreverência contra o Deus Altíssimo. Jafé, meu segundo irmão sempre foi morno em sua fé, enquanto Noé viveu conservou-se fiel, mas bastou que a lembrança do Justo esfriasse em sua mente, para que ele seguisse a Cam em suas perversidades. Vejo que os Canitas, os Filhos de Cam, e os Jafetitas, os Filhos de Jafé, cometem mais abominações do que os Antigos. Por isso supliquei ao nosso Deus que me orientasse, e um anjo apareceu-me em sonho dizendo de deviam reunir todos os meus filhos e aqueles dos Camitas e Jafetitas que se conservaram fieis ao Senhor e partir para uma terra que o Altíssimo nos reservaria, pois Ele entregou o homem às suas paixões carnais e logo enviará o messias, seu filho, para julgar a todos os viventes, e estabelecer seu reino. Assim enviei a Heber, filho de Salá, para encontrar o caminho que levaria a esta terra prometida. O Deus Altíssimo cumpriu sua palavra e ele esta de volta para nos guiar até lá. Devemos suplicar por nossos irmãos e por este povo pela misericórdia, também pelo sucesso em nossa jornada futura. Heber, venha até aqui e conte sua jornada.
Heber levantou-se do seu lugar e se pôs de pé, ao lado direito de Sem e começou seu relato:
- Meus pais e irmãos. Há cinco anos parti em busca da terra prometida pelo nosso Deus. E Ele me guiou os passos de uma forma maravilhosa. Ouçam:
“Seguindo a direção do oriente, entrei nas florestas onde buscamos madeiras, demorei três dias para atravessá-las, do outro lado encontrei alguns montes muito aprazíveis, os quais escalei sem dificuldades, pois não são íngremes. No topo vi uma imensa planura, coberta de uma vegetação baixa, como capim, e com algumas árvores espalhadas, esta planura é entrecortada pro regatos que correm para o oriente, juntando-se e formando um grande rio.
“Acompanhei o rio, por trinta dias, até o fim da planura, que termina em um grande penhasco, mui alto, ereto como uma parede. Neste ponto o rio é intransponível, por isso, virei-me para o sul, segui á beira o penhasco, vislumbrando a planície exuberante abaixo dos meus pés. Do Alto do penhasco vi no horizonte uma pequena elevação que me chamou a atenção. Numa em sonho um anjo do Altíssimo, disse que eu deveria ir em direção àquele monte. Após sete dias, encontrei uma passagem que me permitiu descer para a planície.
“A planície é uma grande floresta, com árvores dez vezes maiores do que as que existem aqui em Babel. Prossegui com alguma dificuldade pelo meio da floresta, até chegar a um regato, manjei-o por vinte e dois dias, chegando a um imenso lago salgado que vai até o horizonte. Caminhei pelas areias da margem do lago por mais vinte e oito dias, quando cheguei a uma enseada, que de um lado era cercada por montanhas. Do outro lado um colina de beleza impar. E pelo terceiro lado uma planície cortada por um pequeno rio, com um vegetação baixa.
“Ao ver aquele lugar, senti meu coração disparar e tive certeza de que ali seria o local da terra prometida. Permaneci ali por alguns dias, verifique que as terras são propicias para o cultivo, a água é boa para se beber, há abundância de peixes tanto no rio quanto na enseada, além de toda sorte de animais. Quanto decidi explorar as montanhas, encontrei no alto de um colina, ao lado da enseada, uma passagem de uns 20 metros largura. A passagem segui pelo meio de várias montanhas, vi que no cume delas havia uma cobertura branca, que depois ao subir em uma deles descobrir ser água em estado sólido.
“Quando sai da passagem não pude conter minha emoção e chorei, pois o Deus Altíssimo ouviu nossas orações. Ajoelhei-me e cantei altos louvores. Era um vale imenso cercado de altas montanhas por todos os lados, e a mais alta delas era aquela que eu avistará do alto do penhasco. Percorri todo o vale de ponta a ponta. Estava tão maravilhado que não percebi o tempo passar. Nas montanhas pude identificar todo o tipo de minérios necessários para fabricar nossas ferramentas. Também achei ouro e prata. Das montanhas nascem quatro rios que foram um lago numa das extremidades do vale, nestes rios encontrei algumas pedras belíssimas (Heber abriu um saco e mostrou alguns diamantes, rubi e outras pedras preciosas).
“A terra do vale é muito fértil e boa para plantar. Como eu permaneci dois anos explorando o vale vi que o clima é muito ameno, as chuvas são regulares e constantes. Para entrar neste vale há apenas duas entradas. Uma é a passagem pela qual entrei. A outra é por onde o lago segue seu curso, um rio caudaloso segue entre altas montanhas, tive muita dificuldade em descobrir que ele deságua no lago saldado de um grande altura.
“Depois sai do vale com muita tristeza no coração, pois meu desejo era ficar lá. Explorei um o litoral do lago salgado entre as montanhas. Retornei e também percorri aquelas florestas próximas da enseada. Estava tão maravilhado com todas as riquezas daquela terra que havia perdido o desejo de retornar à Babel. Porém em uma noite, há três luas novas, o anjo do Altíssimo apareceu a mim em sonho me advertiu que deveria voltar sem demora, pois grande perigo estava para vir sobre nós. Imediatamente, retornei e mais uma vez vejo que o Deus Altíssimo, vela por nós. Meus pais e irmãos, não demoremos um dia sequer, reunamos nossas famílias e bens, para partirmos já em direção a este jardim de maravilhas”.
Ao terminarem de ouvir o relato de Heber, todos os presente colocaram-se de joelhos e louvaram ao Deus Altíssimo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário