quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Por uma mitologia Reformada

Quando a eternidade foi plantada em nossos corações, tal qual a imagem de Deus, sentimos o desejo ardente por explicações e respostas. Necessitamos de um relacionamento íntimo com nosso Criador.

Ao perdermos o vinculo direto, quando ficamos obscurecidos pela sombra do pecado, buscamos estas explicações e respostas em lendas e mitos. Muitas vezes absurdamente longe da verdade.

Poucos cristãos tem se dedicado a árduo trabalho de produzir textos que falem das verdades reformadas, utilizando como ferramenta os contos fantásticos, as histórias de fantasia.

Um exemplo é C.S. Lewis, nas maravilhosas "Crônicas de Nárnia".

Nestes tempos pós-modernos, as pessoas têm cada vez mais sede por respostas. Desejam histórias fabulosas que transmitam estas idéias. Temos exemplos de escritores pagãos que tomaram para si estas ferramentas e tem tido imenso sucesso em propalar os conceitos, explicações e teorias a respeito da eternidade que foi plantanda, por Deus em nossos corações.

Nós Cristãos reformados devemos, guiados pelo Espírito Santo, tomar estas ferramentas, produzindo obras esmeradas, que tornem-se referência, pela sua excelência, a todos, tanto cristãos quanto não cristãos. Obras que sejam de alta qualidade linguística, possam agradar a qualquer leitor, coerentes em si mesmas, livres de preconceitos e chavões pseudo-evangélicos, algo bom para toda a humanidade.

Peço ao nosso Senhor que nos ajude a cumprir com esta tarefa.

Soli Deo Gloria

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Pastores sem campo

Como é possivel haver pastores sem campo?

Ou será que tempos campos que já branquejam, prontos para a ceifa sem pastores?

Como é possível que haja filas e mais filas de candidatos ao seminário, pessoas que se submetem a três, quatro ou cinco anos de estudo para serem pastores, e estejam sem campo?

Qual é o tipo de formação que estes supostos pastores estão recebendo no seminário?

Será que são comissionados/vocacionados ou apenas desejam uma carreira profissional?

São Pastores de Almas ou Administradores Eclesiasticos?

Como é possível? O que nos falta? Talvez o que esteja nos sobrando?

Porque publicarmos a Bíblia da mulher, do homem, do jovem, e do velho. Com letras azuis, vermalhas, brancas. Capa dura, flexivel, de couro ou plastico. etc. Se quase metade da população se quer tem acesso a mais simples edição da Sagrada Escritura, ou pior, se o pregado desabona tudo o que esta escrito lá?

Porque temos tantos cantores 'gospel', consultores, produtores, etc, para se gravar, publicar e vender CDs? Aonde fica a primazia do evangelho? Será de temos agido como Simão o Mágico, querendo comprar os dons do Espírito Santo, a fim de vender alguma coisa?

Qual a razão do surgimento de tantas denominações evangélicas: Vaidades feridas? Oportunismo? Vontade de pregar o evangelho?

Qual a motivação de uma pessoa que funda uma nova demoninação, aqui no Brasil, país livre, rico, multicultural, simpático a todos os credos, ao invés de migrar para uma nação longíncua e evangelhizar uma nação hostil, pobre, aversa a Cristo?

Onde estão os dons do espírito? Porque a psicologia, as estratégias de marketing ou administração tomam o lugar da leitura, jejum e oração?

...
Oh! Deus! Ouça minha oração e responda-me! Torna-me ferramenta útil em suas mãos.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Intelectualismo...

Alguns teóricos das ciências teológicas acreditam que devem utilizar conceitos obscuros, densos, muitas vezes compreensiveis apenas para eles mesmos. Creem que precisam falar a respeito do mistério do evengelho de uma forma misteriosa.
Apenas esquecem que a Luz do Caminho é clara, simples, direta. Não há como dificultar a passagem da luz quando ela entra em um lugar. Tais teóricos estão construindo muros a0 redor de si, e infelizmente de outros, impedindo a entrada da Luz.
Cremos que quando a Verdade e conhecida todas as coisas têm um significado, um proposito uma razão de ser, qual seja: glorificar a Deus.
Por que será que estão tentando fugir a esta verdade tão simples e luminosa?

terça-feira, 19 de agosto de 2008

É isso Ai... os Extremos!

Na atualidade temos visto uma enorme proliferação de denominações evangélicas, em todas as matizes teológicas, escotologias, etc.
Cada uma defende detalhes de uma pseudo-teo-escatologia, baseado em trechos minúsculos da Bíblia. Em dados momentos, se apoiom a figuras do imaginário popular, chegando a explicações absolutamente estapafúrdias, tais como haver nevascas em pleno sertão...
Este crescimento de demoninações acompanha uma tendência do mercado capitalista: Produtos Personalizados. Dar ao cliente aquilo que ele deseja.
Usar estratégias de marketing, alias, muito criativas, gerar eventos dos mais contraditórios possiveis, manter sempre a igreja cheia e agradar sempre o espectador do Show da Fé.
Não interessam os meios, desde que a Palavra seja pregada. Desde que a pessoa se sinta bem, tudo é válido. Não vale a pena se ponderar as conseqüências de uma ação, o que vale é o resultado imediato.
Tudo é válido na pregação do Evangelho. Este é o paradigma utilizado por um extermo.
Noutro lado, a burocracia (por que não Burrocracia).
Para tudo se necessita de uma comissão, grupo de estudos, cartas de apresentações, projetos escritos, oficios, etc. Precisamos manter a ordem estabelecida pelos ancestrais.
A rotina é a norma. Nada de modismos, inovações, ou qualquer ação que possa ser diferente da tradição. Se alguém no passado não fez, é por que não deve ser feito hoje, ou nunca deve ser feito.
Planejar minuciosamente. Passar pelo crivo dos anciões. Refazer o planejamento. Segunda analise dos anciãos. Novo planejar.... os romanos diriam : ad infinnitum.
Os cristãos não precisam de mais nada. Já estamos salvos, tudo já foi feito, Cristo está Voltando, só nos resta aguardar e guarda a fé (Bem escondida num cofre).
Evangelizar não é preciso, o Espírito Santo chamará os seus (por algum instrumento tecnológico ainda não inventado).
Tristemente, as atividades se restrigem a um culto semanal, uma participação como ouvinte nuam escola bíblica. O Crente não precisa, ou se dispõem a mais nada. Tudo já foi feito no passado.
A liderança apenas (única, tão somente, só isso, nada mais...) se esforça para manter o mínimo necessário funcionando. Não vamos dar mais trabalho aos crentes que já estão cansados pela sua rotina exaustiva (Não sei se eclesiástica ou secular).
Os pastores esperam que ocorra um evangelismo biológico, ou seja, que os membros se casem (e tragam seus cônjuges para a igreja) continuem morando próximo a templo (nada de mudar para outra região) e principalmente: Tenham filhos!! Assim a igreja crescerá!!!
Os dois extremos são tristes e levam ao erro.
A palavra nos ensina a ser fervorosos na oração, leitura, pregação da palavra. Ensina a sermos fiéis a Lei de Deus. Não nos ensina a ser nem como Uzá (que no afã de fazer a obra fez do jeito errado) nem como os pastores que Ezequiel condena (frios, falsos, hipocritas...).
Devemos ter como exemplo o apostólo Paulo: Fiel as tradições, entusiasta na ação, sábio no dialogo com a sociedade, mas sempre falando a verdade que liberta: Crê no Senhor Jesus e serás Salvo!
Leia os Capítulos 15, 16 e 17 do Livro de Atos.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

O Corte

Raquel sentou-se em frente a sua penteadeira antiga que pertenceu a sua avó. Sentia o peso do mundo sobre suas costas. O que ela fez foi imperdoável. Jamais sua mãe voltaria a olhar para ela. Seu pai a expulsaria de casa.
Ela já imaginava como seria difícil viver sozinha. Buscar a ajuda de seus parentes não era possível, pois eles apoiariam seus pais. A partir de agora ela deveria cuidar de si mesma, sem a ajuda de ninguém. Até o pastor iria expulsa-la da igreja.
Há poucos meses atrás Raquel completara 15 anos, seus pais fizeram um culto e uma bonita festa. Durante a festa ela reparou pela primeira vez que o novo seminarista da igreja era um rapaz bonito, simpático e tinha apenas 18 anos.
Durante a festa começou a conversar com ele. Raquel percebeu que ele era muito atencioso com ela. Nos meses que se seguiram, em todas as atividades da igreja eles estavam próximos, trocavam sorrisos e olhares.
Todos perceberam que Raquel estava diferente, preocupava-se com as suas roupas, arrumava mais o cabelo, todas as manhãs e noites, escovava um hora os seus longos cabelos. Que agora chegava aos tornozelos.
Na escola ela começou a conversar com as outras meninas a respeito dos meninos. Eram coisas que jamais poderia falar em casa com sua mãe, suas amigas deram muitos conselhos e ela ficou confusa, pois certas coisas iam contra o que ela aprendeu na igreja.
Por certo tempo ela resistiu em pensar naquelas coisas. Mas certo domingo o seminarista a cumprimentou e elogiou sua roupa. Foi a gota d’água. Ela tinha que fazer aquilo para garantir que o seminarista seria seu marido. Ela tinha que fazer do jeito que suas amigas tinha aconselhado.
Hoje pela manhã ela fez! Mas tudo o que fez foi por amor. Foi pelo homem de sua vida. O homem que ela queria para ser seu esposo.
Entretanto, depois de consumado o fato. O remorso se apoderou dela! Como tinha sido estúpida.
Logo todos perceberiam!... mas fez aquilo por amor... como poderia explicar que cortara dez centímetros de seu cabelo para ficar mais bonita...“Ai de vós ... interpretes da Lei! Por que sobrecarregais os homens com fardos superiores às suas forças, mas vós mesmos nem com um dedo os tocais” Lucas 11.46

A fuga

João nunca tinha sentido seu coração bater tão rápido, parecia-lhe que a qualquer momento pularia de sua boca para o chão. Sua boca estava cheia de uma saliva grossa, não era sede, era algo mais profundo, sinistro. Era o inexorável medo de morrer. Suas pernas moviam-se mais rápido do que jamais ela havia pensado que conseguisse. Seu desespero era tamanho que ela corria pelas vielas da favela, subindo e descendo por estreitos caminhos tentando escapar de seus perseguidores.
Quando a policia cercou as entradas da favela, naquela madrugada – “maldita sexta-feira 13” pensou João – Alguém disse que fora ele quem havia ‘dedurado’ a chegada dos produtos. Ao invés das habituais salvas de rojões de fogos de artifícios, o que se ouviu foram os gritos dos policiais. De imediato os companheiros de João se jogaram em cima dele, ameaçando e dizendo que se fosse ele o responsável pela chegada policia seria morto.
Para sua infelicidade, a policia invadiu a favela e em meio aos tiros, gritos e confusão geral, o seu primo Tiago, que era policial, estava na linha de frente. Em absoluto pânico João, percebeu que ‘Chapinha’, o gerente da ‘boca’ também viu o seu primo. De fato, João imaginou que só podia ser muito azar mesmo – “Deus esta contra mim” pensou – logo, seu primo crente, certinho e da policia tinha que dar as caras. Haviam anos que aquele careta tinham saído da favela, virou burguês. E agora como explicar que ele não tinha nada com esta história.
Antes que pudesse imaginar alguma história, viu que Chapinha caminhava em sua direção. De arma em punho, engatilhada. Ele já vira aquela expressão antes. Sabia que seria morto em pouco segundos. Chapinha era capaz disto e muito mais. Sabia que sua morte seria demorada e dolorosa, mais ainda, sua família, sua mãe corria muito perigo.
Sem perceber ele se levantou e correu pela porta da boca. Chapinha gritava, xingava e atirava em sua direção. Ele ouvia o barulho das balas passando de raspão. Jamais imaginou que Chapinha, que era ótimo atirador, daqueles de acertar pardal voando, erraria de tão perto. Para sua sorte errou.
A única coisa que impediu a caçada a João foi a chegada da policia. João deu graças a Deus por isso. E continuou a correr, procurando algum burraco para se esconder. Não demorou muito e estava no terreno da escola. Pulou o muro num salto só. Subiu pelos canos de chuva, e foi se esconder no telhado. De lá poderia ver tudo o que acontecia. E se fosse necessário poderia pular no outro lado para o meio do matagal que ficada nos fundos da favela.
Ali ficou acordado até o amanhecer. Lembrou das vezes que seu primo certinho o chamava para ir para a igreja. Também lembrou das diversas vezes que, de manhã, ao entrar em casa, via sua mão de joelhos chorando e orando.
João decidiu que desde dia em diante mudaria de vida, largaria as drogas e o tráfico, se Deus o livrou das mãos de Chapinha, ele é que não ira desperdiçar sua chance. De agora em dia era um homem novo, correto, até aceitaria Jesus.
Quando o dia clareou e as coisas se acalmaram. Voltou para casa e encontrou com sua mãe ajoelhada. Abaixou-se ao lado dela e anunciou as boas novas. Sua mão o abraçou e oraram juntos. Agradecendo a Deus pela aurora de uma nova vida.
“Ai” Lucas 11.46

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Cansaço

Certa vez dois amigos que não se viam há muito tempo, encontraram-se e conversaram longamente. O inicio da conversa foi assim:

- Olá! Camarada! Há quanto tempo não nos vemos! Como vai?
- Bem, mas muito cansado!
- Ora porque está cansado? Trabalhando muito?
- Sim, muito mesmo! Cuido de 2 corujas, 2 gaviões, 2 coelhos, 1 serpente, 1 leão e 1 doente!
- Nossa! Quantas coisas!
- São Muitas mesmo. E ainda tenho que fazê-las todas ao mesmo tempo!
- Ora! Não entendo? Como Assim!
- Veja caro amigo. As duas corujas são os meus olhos que a todo instante precisam ser direcionados para ver coisas boas e luminosas, que irão iluminar minha alma. Os dois gaviões são minhas mãos, que precisam ser direcionadas para não tocar em nada que impuro ou incorreto. Os coelhos, são meus pés, sempre ligeiros, devem ser firmemente domados para nunca se desviar dos caminhos retos da justiça de DEUS. A Serpente por sua vez é a minha língua, tal pequena e capaz de tamanho estrago, uma pequena mordida e causa grande estrago, é pequena fagulha que provoca imenso incêndio. O Leão é o meu coração, que ruje, ameaça e amedronta. Tentando nos afastar da Palavra de Deus. Por fim, o doente é o meu corpo, que é sempre fraco e propenço a cair, a não persistir em nenhuma prática correto.
- Camarada, percebo que necessito olhar para minha vida de um jeito diferente. Com mais cautela.
E assim continuou a conversa....

... Texto inspirado no sermão do Presb. Ricardo Fukusawa, em 8 de junho de 2008, na Igreja Presbiteriana Nova Canaã.

"Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. Não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. Porque, pela graça que me foi dada, digo a cada um dentre vós que não pense de si mesmo além do que convém; antes, pense com moderação, segundo a medida da fé que Deus repartiu a cada um". Romanos 12.1-3

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Igreja Multiplex

O senhor Abel olhava pela janela do ônibus impressionado pela grandiosidade da metrópole. Uma multidão de pessoas, prédios, carros e motos. Após 75 anos vivendo em uma pacata cidade do interior, estar pela primeira vez no meio de toda aquela agitação o deixava zonzo. Tudo era grande. As pessoas corriam ao invés de andar. Ninguém se cumprimentava, nem se quer pediam desculpas por um esbarrão ou tentavam ajudar em alguma dificuldade. Todos se ignoravam mutuamente.
Ao chegar à rodoviária seu filho caçula, o décimo segundo de sua farta prole o esperava. O rapaz estava muito feliz, já passaram quase cinco anos da última vez que esteve com seu pai. Ao seu lado estava o filho e a esposa. O reencontro foi festivo e alegre, apesar da multidão ao redor. Logo foram para o apartamento nas proximidades do centro da metrópole.
O Sr. Abel, além de visitar o filho caçula. Veio para realizar alguns exames médicos. A contra gosto, mas depois de meses de discussões e atormentações da esposa, ele desistiu e achou melhor fazer o que ela falava. Assim veio fazer os tais exames e ficar livre a falação da esposa. E como bônus veria o filho e o neto.
O idoso senhor Abel era crente fiel. Desde sua conversão aos vinte anos sempre foi na mesma igreja. Foi diácono e presbítero. Cantou no coral foi professor na escola bíblica. Nunca faltava aos cultos e atividades da igreja. Na sua pequena cidade a igreja que freqüentava era a mais antiga e tradicional. Por incrível que pareça ainda se lê a Bíblia e o pastor faz longos sermões baseados em textos pequenos, explicando minuciosamente os detalhes do texto.
Durante aquela semana ele fez os exames necessários. No domingo como era seu hábito levantou cedo e se arrumou para ir com o filho a igreja. Para seu desgosto o filho e nora trabalhavam aos domingos, iam à igreja à noite (Quando não estavam cansados) e nos dias de folga. Mas naquele domingo, os dois trabalhariam e o neto ficaria com a mãe de sua nora. Sr Abel foi convidado para ir com o menino, mas preferiu procurar uma igreja ali perto.
Na portaria o filho e o porteiro disseram que há dois quarteirões havia um igreja muito boa. Explicaram como deveria fazer para chegar lá. O Sr Abel perguntou qual era a denominação, infelizmente nem o filho nem o porteiro souberam dizer. O porteiro disse que era algo como “Mênico” ou “ Irmãos Mênicos”.
O Sr. Abel seguiu as instruções e caminhou vagarosamente, com certo medo de se perder. Não foi difícil, em poucos minutos estava em frente à igreja. Se bem que quase não parecia uma igreja – para os conceitos do Sr. Abel – mais parecia um daqueles shoppings que viu ao longo da semana. Chegou próximo a entrada e porta se abriu sozinha – ele ficou impressionado com aquela modernidade e pensou de sugerir uma igual para os anciãos da sua.
Ao entrar, seu espanto foi maior ainda, a principio pensou que estava no lugar errado. Mas um grande visor de plasma a sua frente dizia (em várias línguas): “Bem vindo ao Centro Internacional Evangélico! Aqui tem uma igreja especialmente decorada para suas necessidades”.
Então, contornou o que parecia um jardim com um lago, bem atrás da tela de plasma e viu um imenso salão, com poucas pessoas circulando, devido aquele horário tão cedo. E bem no centro um telão projetava a programação do Dia:
“Às 10h, 13h e 18h – Templo multiplex 1 – Recarga espiritual;
Às 12h – Templo Multiplex 2 – Receitas Bíblicas de Belezas: descubra como as mulheres bíblicas ficavam bonitas
Às 17h – Templo Multiplex 2 – Show como “RAP CRISTTUS”;
As 15 - Templo Multiplex 3 – Clube dos empresários Gospell – A Bênção para sua Empresa”;
Ás 17h - Templo Multiplex Principal Mega show com Heavy Gospel e Metal Paise;
Agora: Gideão Lan-House – Batalha Espiritual virtual on-line – Vença o Diabo pela Internet”.
Quando terminou de ler aquelas mensagens, o Sr. Abel sentiu uma dor no peito. Olhou ao redor e viu um néon piscando: “Centro de Alimentação Rápida”. Caminhou com dificuldades e se apoiou no balcão. Estava chocado com tantos absurdos. O atendente veio perguntar o que ele queria. Grosseiramente disse que pedisse logo, pois se ficasse ali parado atrapalhava os outros clientes. Perguntou pela escola dominical e o atendente respondeu:
“-Tem não Tiozão! Esse barato de Escola é só na prefeitura e de segunda a sexta. E que só nas igrejas dos caretas que tem isso ia! Ó! Se quiser pode subir até o terceiro andar, não lan-house, fazer o download dos podcast do Erimar Tarde (O fundador da Cadeia de Templos Multiplex) e ver os shows da fé do missionário, ou bater um chat com a equipe de pastores on-line...”
Antes que o atendente terminasse de falar o Sr. Abel colocou a mão no peito, a dor aumentou e caindo disse: “Pai Amado, perdoa-os eles não sabem o que fazem...”
“Sê fiel até a morte e dar-te-ei a coroa da Vida” Apocalipse 2.10c

quinta-feira, 8 de maio de 2008

O Reitor

Mateus entrou no restaurante como se fosse um rei. Finalmente ele chegou ao topo. Na reunião daquela manhã foi confirmado como novo reitor da Universidade, das escolas e de toda a rede educacional da igreja. E como prêmio extra, ganhou a direção da rede de comunicações.
Para comemorar foi ao restaurante mais caro da cidade. A noite iria com a esposa ao teatro municipal e depois jantariam juntos. Também não esqueceu de mandou um enorme buquê de rosas e um lindo dólar de diamantes, como uma compensação por ter ficado tanto tempo ausente do lar.
Agora que era o mais poderoso da Universidade, com o maior salário e participação nos lucros , tudo melhoraria, trocaria o carro, a casa e viajaria para todo o mundo. Com certeza tudo o que fez valeu a pena.
Sentou-se à mesa reservada por ele. O garçom veio atendê-lo. Mateus achou que o conhecia de algum lugar, mas não ligou e fez rapidamente o pedido do melhor prato, do melhor vinho e sobremesa.
Quando foi servido se deliciava com cada pedaço, saboreando intensamente o gosto da vitória. Entrou em uma viagem mental, relembrando os últimos trinta anos de trabalho. Valeu a pena trabalhar 16horas por dia, não tirar férias. Compensou mentir, ou melhor dizer inverdades ou omitir – justificou para si mesmo – para destruir os certinhos que passaram pelo seu caminho. Foi proveitoso mascarar os desvios de dinheiro feito pelos reitores anteriores. A recompensa foi ótima pela dedicação exclusiva ao trabalho, ainda bem que dividiu as tarefas com a esposa. Ele trabalhava enquanto ela cuidava dos filhos, para que não o atrapalhassem.
Quando chegou a sobremesa, lembrou dos últimos anos. Dos discursos e palestras que fazia todos os domingos à noite nas igrejas dos pastores e outros membros o conselho universitário. Mateus, satisfeito consigo mesmo, lembrava que cada discurso, cada palestra foi cuidadosamente preparada para agradar aquele conselheiro.
Se o conselheiro era liberal e moderno o seu discurso era liberal e moderno. Se o conselheiro fosse conservador e tradicional, Mateus palestrava a respeito do valor da tradição.
Na última colherada, sentiu uma satisfação intensa, lembrando do sucesso que foi simular e dissimular. Sempre dizendo que ele era um mediador, um conciliador, uma pessoa centrada. De agora em diante era ele quem daria as cartas, ele era o chefe, as coisas seriam do seu jeito...
O garçom trouxe a conta e Mateus pagou, deixando uma grande gorjeta, pois aquela sensação de que conhecia o garçom persistia em incomodá-lo. Deu a gorjeta para garantir que não tinha feito nada de mal para o pobre rapaz e calar a sua consciência.
Levantou e foi para a universidade tomar pose de sua nova sala, aliás, mandaria reformar completamente deixa-la ao seu gosto.
Mateus nem se quer percebeu que o jovem garçom estava chorando, por que acabara de servir a seu pai e ele não o reconheceu...
“Ora, os que querem ficar ricos caem em tentação, e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e na perdição. ” I Timóteo 6.9

terça-feira, 15 de abril de 2008

Procura-se, Desesperadamente!

Recentemente este anúncio foi veiculado em um jornal de grande circulação:

"Procura-se Evangelista"

Instituição de grande porte, com âmbito de ação global procura pessoas para acupar vagas em aberto no seu quadro funcional. A pessoa deverá ser cristão com sólidos conhecimentos bíblicos e doutrinários, com vida intensa de oração e comunhão com DEUS. Ter intera disposição para ser servo e ferramenta útil nas mãos do Senhor. Inclusive predisposto a ser martir e testemunha da verdade. Deve valorizar e educar sua família aos pés da cruz. É indispensável ser elouquente e fervoroso pregador do evengelho.
Irá trabalhar nas localidades carentes de ouvir a palavra de Deus, seja nos bairros pobre ou ricos; nos grandes centros urbanos ou nas regiões rurais. Deverá pregar para qualquer número de pessoas, de um a 1 milhão. Sempre sendo fiel à Bíblia no exercício de suas funções. Será Maltratado, ofendido e perseguido, inclusive correndo risco de morte. Não poderá recuar frente as dificuldades, sejam materiais, humanas ou espirituais, mas precisa enfrentá-las com jejum e oração. Exigi-se dedicação integral.
A renumeração será fixa, mas dependerá da fidelidade dos demais irmãos no dízimo. Como prêmio são garantidos os galardões celestiais.
***
Infelizmente todos os que responderam ao anuncio queriam apenas igreja com mais de 100 membros. Ninguém estava disposto a fundar uma nova congregação, ou mesmo a enfretar tais desafios.

Muita Calma

Isaque era o morador mais conhecido em sua cidade. Uma cidadezinha do interior. Era quase impossível achá-la num mapa deste da escola. E Isaque era conhecido, não exatamente pelas suas virtudes ou grandes realizações.
Era um homem adulto, na casa dos trinta anos, já beirando os quarenta anos. Nasceu e viveu em sua cidade. Jamais pisou fora dos limites do município. Vivia do que plantava, ou melhor, colhia na propriedade de seus pais. Ele era o caçula de 12 irmãos, o único que ainda morada na roça.
A maior, talvez a única , virtude que Isaque possuía era a tranqüilidade. E por causa de sua tranqüilidade era tão famoso. Nunca, ninguém jamais viu Isaque se apressar para nada. Quando criança, nas partidas de futebol, achava tudo muito rápido, apressado e desnecessariamente agitado. Nas vezes em que tentou participar parecia que andava em câmera lenta durante o jogo, foi expulso pelos colegas antes do final do primeiro tempo.
Na escola, Isaque sempre chegava atrasado. E arrumava lentamente suas coisas na mesa. Quando terminava já era hora do recreio. Mal tinha tempo de ir ao banheiro e já esta na hora de voltar para a sala. Ele dizia que tudo estava acelerado.
Quando seus pais o mandavam fazer algo, geralmente voltava no final do dia, já no crepúsculo, dizendo que não deu tempo, que tudo estava muito rápido. Se ia comprar alguma coisa, pensava e invariavelmente desistia de ira até a venda comprar, pois achava que era desnecessário. Não poucas vezes adiava o término de uma tarefa por vários meses.
Na lida da roça, Isaque esperava o dia clarear, o calor do meio dia passar, a chuva parar, o inverno terminar. Para ela não havia nada tão urgente que não pudesse ser feito depois. Afinal de contas Deus já determinara como tudo aconteceria, e não seria ele que lutaria contra Deus.
Aos domingos, só chegava na igreja quando já cantavam o amém final. Só ouvia os avisos do final do culto. Nenhum acidente, morte, tragédia ou acontecimento o perturbava. Então respondia com sua voz característica e lenta: “são os desígnios de Deus”. A cada dia sua tranqüilidade se tornava mais proverbial, para não dizer cômica, e mais exagerada.
Pensava em orar, mas não se dava ao trabalho, por quê Deus já sabia o que ele iria falar, portanto era perda de tempo cansar ao Todo-poderoso com suas conversas repetitivas. Às vezes queria ler a Bíblia, mas o aprendia na igreja já era suficiente, além do mais o Espírito Santo é quem faz a obra, e Cristo já perdoou seus pecados. Assim sendo era inútil ele tentar fazer qualquer coisa, pois Deus já fez tudo.
Isaque esperava o dia começar e aguardava o anoitecer. Sem pressa. Para ele Deus já havia feito tudo, determinado tudo, cabendo a ele, Isaque, apenas viver a cada dia, esperando o fim.
Nada era mais importante do que esperar. Afinal de contas era isso que Deus havia planejado para ele. Portanto, pensava Isaque, não era preciso fazer nada, por quê Deus já havia feito tudo.
“O tolo cruza os braços e come a própria carne, dizendo: Melhor é um punhado de descanso do que ambas as mãos cheias de trabalho e correr atrás do vento”. Eclesiastes 4.5-6

sábado, 16 de fevereiro de 2008

A Dança

Madalena ouviu o despertador tocando, um bip estridente dos relógios comprados de camelôs, mas para ela era como ouvir o badalar da mais famosa catedral do mundo. Afinal, ela sequer conseguirá dormir, sem dúvida ela tentou pegar no sono. Relaxou, orou, contou carneirinhos, fez de tudo, mas não conseguiu dormir. Tamanha era a sua ansiedade com os eventos deste sábado.
O dia seria muito agitado, a agenda de Madalena estava cheia: Cabelereiro manicure, limpeza de pele, maquiagem e prova final de roupas. Tudo isto apenas no período da manhã.
Madalena se sentia nas nuvens. Aquele era o seu dia. O dia do evento mais importante de sua vida. O dia que marcaria uma mudança definitiva. Há muitos meses ela se preparava, ensaiava cada detalhe. Nada sairia errado. Ela já memorizou cada detalhe, cada milésimo de segundo do deveria fazer neste sábado à tarde.
Sua mãe, que lhe apoiava em tudo, berrou anunciado que o café da manhã estava pronto. D. Maria gritou dizendo que fez pão francês na frigideira e vitamina de banana com aveia e granola – uma comida com poucas calorias para não prejudicar a forma física de Madalena, pensava D. Maria – Madalena respondeu berrando, que este sábado era o seu dia, e, portanto queria que sua mãe levasse o café na cama. D. Maria atendeu prontamente.
Após o café, Madalena aproveitou os últimos minutos de descanso que teria durante o resto do dia.
Levantou-se foi ao centro de estética. Seu horário estava agendado há três semanas. Ela fez uma limpeza de pela profunda. Escova de chocolate. Depilação completa e fez as unhas com um podologo – que segundo o Centro de Estética era formado em cursos na França e no Japão, o melhor do Brasil.
Saiu do Centro de Estética por volta das uma hora da tarde. Passou no Shopping almoçou um lanche diet, para não pesar no estomago. A seguir foi a sua costureira pegar a roupa que mandara fazer sob medida. Sua mãe ficava cada vez mais ansiosa pelo avançar das horas. D. Maria correu como nunca havia corrido, passou pelas vias expressas da cidade a mais de 100Km/h, passou em todos os sinais vermelhos. Afinal de contas era o grande dia de sua filha. Não seria por sua culpa que a pobre menina perderia a chance de uma vida melhor.
Chegaram na entrada o Ginásio Poliesportivo da cidade às 14h20. Madalena entrou em disparada pela porta que indicava: “Entrada exclusiva para Staff”. Foi para os camarins e começou o ritual de aquecimento que uma bailarina principal precisa ter. Cada articulação, cada músculo foi cuidadosamente aquecido e alongado. Ela não podia se dar ao luxo de sofrer uma contusão no palco. Tomou todo o cuidado com seu cabelo e maquiagem, pois ela seria filmada e estaria na capa do DVD de comemoração dos vinte anos de sucesso de sua comunidade evangélica. Com certeza sua foto na capa do DVD ajudaria muito nas vendas. Ela era a mais bonita de todos as igrejas, venceu o concurso de Miss Evangélica, em todas as etapas, sua mãe vendeu a casa de praia da família para pagar as inscrições nos concursos promovidos pela Profetisa. E finalmente Madalena conseguiu, venceu o concurso, teria sua foto na capa do DVD e depois, quem sabe, seria apresentadora de um programa infantil na GNCI (Gospel Networks Communications International – Rede Internacional de Comunicações Evangélicas).
Madalena tinha absoluta certeza de que o sucesso do mega show que aconteceria naquela noite era devido a sua perfomance como bailarina clássica gospel. Sem questionamentos, ela era a melhor. E era por causa dela que foram vendidos os cinqüenta mil ingressos. E seria por causa dela que o DVD faria venderia muito. Madalena se sentia o centro do mundo, ela pensava que era a mais perfeita criação de Deus, e que Deus iria agradecer por ela se dispor a resgatar a dança para Jesus. Ela dizia para si mesma: “Eu sou o máximo, nem Deus dançaria melhor que eu”.
Às 19h do sábado, começou o Mega-show, Madalena estava uma pedra de gelo, um iceberg, em seu estomago, cada minuto parecia uma eternidade. Para que tanta música, para que a Profetisa tinha que ficar lendo a Bíblia toda hora, o mais importante era que ela fosse logo dançar, afinal de contas todos estavam ali para ver o seu espetáculo, ela pensava consigo mesma.
Até que enfim, as 20h13 minutos, chegou a vez de Madalena. Ela e mais vinte garotas entraram no palco fazendo giros, rodopios, movimentos de braços e pernas. Quando chegou o momento da tão esperada apresentação solo de Madalena. A Profetisa tomou o microfone e começou a profetizar. Madalena olhou para a Profetisa, seu coração se encheu de tamanho ódio, que se distraiu nos movimentos, pisou em uma tira de pano de sua roupa cenográfica e perdeu o equilíbrio no meio dos rodopios e giros. Foi parar em cima da Profetisa. E a duas foram ao chão.
O vestido de seda branca da Profetisa as rasgou, e ela praguejou contra Madalena. Infelizmente o microfone estava funcionando. Tudo foi transmitido ao vivo, para todo o país.
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Dias depois. D. Maria recebeu cinco multas por excesso de velocidade e mais 4 por ultrapassar o farol vermelho, teve sua carteira cassada. Madalena está em depressão profunda, sendo medicada e quase não sai de seu quarto. A Profetisa profetizou que o acidente foi uma ação do Diabo para prejudicar a propagação da mensagem de poder, conclamou a todas as igrejas a fazer uma campanha de batalha espiritual, com jejum, oração e ofertas especiais para destruir o demônio que atrapalhou o mega-show. Também disse que os fiéis deveriam comprar os DVD para amarrar o espírito da queda de madalena todas as vezes que vissem a gravação –
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P.S.: Madalena foi capa do DVD, não dançando, mas caindo encima da Profetisa.
“Não façam nada por interesse pessoal ou por desejos tolos de receber elogios; mas sejam humildes e considerem os outros superiores a vocês mesmos” Filipenses 2.3
“... Façam tudo para a glória de Deus.” 1° Coríntios 10.31b
Guilherme Berbert
São Paulo, 17 de novembro de 2007

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

A Bala da Felicidade

Aquele fora um final de semana triste, chovera continuamente desde a sexta-feira à tarde. Pedro estava assistindo televisão alternando freneticamente entre os canais. Tudo o entediava. Num canal um apresentador obeso e mal-educado. Noutro as piadas sem graça. Mais outros os animais da selva africana almoçavam.
De repente, ela pára em um canal, cujo número é o da perfeição, e o homem que falava chamou a sua atenção. Uma fala intensa, profunda e penetrante. Aquele homem tinha uma aura de carisma que era irresistível, algo fora do comum. Pedro ficou cativado pelas palavras do pregador. Havia algo de confiável, correto no homem da TV. Ele falava e Pedro se deliciava com cada Silaba . Parecia que a partir de agora tudo fazia sentido. O tédio acabou! As preocupações acabariam! A tristeza e os desgostos teriam fim! Enfim Pedro achou a solução para sua vida.
Imediatamente, ele se levantou, tomou um banho às pressas e saiu com o endereço que anotara ao final do programa de TV. Ele não podia perder aquela oportunidade. Era tudo ou nada.
Foi ao ponto de ônibus. Esperava e sua cabeça rodopiava com mil planos. Bastava um simples ato, fácil e rápido. Tão barato perto dos resultados que alcançaria. Com certeza era ele o escolhido. A partir daquele momento tudo seria diferente. Teria bons empregos, carros, casas, quem sabe não poderia ter até uma multinacional!
Seu coração disparou quando viu a igreja que mudaria sua vida. Ao chegar na escadaria desgostou-se em ver a multidão que lá estava, mas não se intimidou. Seguiu em frente. No último degrau viu uma placa enorme: “Não aceitamos cheques”. Pedro quase caiu. Seu coração estava tão acelerado que parecia que explodiria. Ao se apoiar numa coluna, tomando fôlego, viu outra placa que trazia escrito: “Estacionamentos, praça de alimentação e Caixas Eletrônicos – subsolo 1”.
Pedro correu escada abaixo, o culto havia começado, ele não podia demorar e perder a oportunidade. Para sua felicidade lá estava o caixa eletrônico de seu banco. Bem acima estava afixada uma placa com todas as informações para efetuar a transferência para a conta da igreja.
A mão de Pedro suava enquanto realizava o empréstimo. Demoraram alguns minutos para o valor ser creditado na sua conta, pareciam que era uma eternidade. A música seguia alegre e animada logo acima de sua cabeça. Com certeza ele pagaria o empréstimo em menos de uma semana. Afinal, dava uma prova de que sua fé era enorme, Pedro pensou.
Enquanto fazia as transações bancarias, as musica terminaram e parecia que logo o culto acabaria. Pedro correu com o comprovante de depósito em sua mão, chegou a tempo. O pregador já começara a trocar as ofertas pelas balas açucaradas da prosperidade. Segundo a explicação do pregador, ele deveria dividir a bala de goma em sete partes e comer, em jejum, logo pela manhã. Assim todos os desejos do seu coração seriam realizados.
O pregador ordenou que de acordo com o tamanho da sua fé, manifestado pelo tamanho de sua oferta, ele daria de uma até dez balas de goma da prosperidade. Quanto mais balas, maior a bênção e a prosperidade.
Pedro aguardava sua vez na fila, ansiosamente torcendo para que as balas não acabassem. Imaginava o que faria com a sua riqueza recém adquirida. Em uma semana seria chefe, em menos de um mês seria o dono da empresa. Na outra compraria um carro. Depois uma casa. E quando as balas acabassem voltaria e pegaria mais. Continuaria voltando, comprando mais balas abençoadas da prosperidade, até que fosse dono da maior multinacional do mundo. Chegando a sua vez, entregou o comprovante de transferência. O pregador elogiou a fé de Pedro e lhe deu dez balas.
Então, Pedro saiu radiante, não cabia dentro de si, tamanha era sua felicidade.
...
Dez semanas se passaram.
A bela igreja fechou suas portas. Foi despejada por não pagar o aluguel. Dizem que está funcionando em outra capital do país.
Pedro, está sentado em seu sofá, assistindo ao apresentador obeso mal-educado, as piadas sem graça, e a refeição dos bichos da selva africana. Mudando freneticamente de canal. Mas hoje ele não sente mais tédio, e sim um ódio enorme, do tamanho da sua antiga fé, pelo pregador, pela Bíblia e contra tudo que se chame DEUS...
“Ai destes profetas sem juízo e sem moral! Eles seguem a sua própria inspiração e inventam as suas próprias visões... enganam o meu povo ...” Ezequiel 13.3,11ª (NVILH)
“O senhor Todo-poderoso diz: Não escutem o que os profetas dizem, pois eles estão iludindo vocês com falsas esperanças. Dizem coisas que eles mesmos inventam e aquilo que eu não falei”. Jeremias 23.16 (NVILH)
Guilherme Berbert