Era o final da tarde do
décimo dia de trégua. Imperava um silêncio absoluto em El-zedeque. Era
uma noite fria como nunca fora vista antes, alguns soldados Semitas, tentando
se aquecer junto a fogueiras diziam que aquele frio, era causado pelo Deus
Altíssimo, se afastara deles, e os entregara nas mãos de Ninrod. Todos estavam
inquietos com o silêncio e o frio. Era o prenuncio da catástrofe que viria a
seguir.
Cerca de uma hora antes
do alvorecer, o som de uma grande explosão alertara os Semitas. O fim estava
próximo.
Ninrod, durante a
noite, havia enviado cerca de treze mil homens pelos estreitos caminhos que
levavam até as guaritas no alto da passagem. Enquanto Anamim colocou uma imensa
quantidade de explosivos no sopé da quinta muralha. Então, acendeu o pavio, e
toda a extensão sul da quinta muralha veio abaixo. O barulho das explosões era
o sinal de ataque para os homens no alto do penhasco.
Assim todas as
guarnições que estavam no penhasco e dentro das muralhas foram mortas antes do
sol raiar. Os homens de Ninrod tinham livre acesso até a sétima porta.
Pelegue conseguiu
recuar com apenas metade de seus soldados para dentro do vale. Defenderam
bravamente a entrada para Éden. Mas agora, Ninrod detinha o conhecimento do uso
dos explosivos. E os usou até que a sétima porta veio abaixo. Também ordenara
que mais de cem mil soldados transpusessem as montanhas pela rota dos espiões
para atacarem a sétima porta por dentro. Em poucos dias a passagem estava
aberta. Enfim o Vale de Éden foi invadido.
Judas saiu da companhia
das servas, que havia lhe proporcionado todos os tipos de prazeres. Vestiu-se
como um rei, estava coberto de jóias, montou em um cavalo finamente
ornamentado, seguiu pelas ruínas de El-zedeque, já imaginando-se como o Rei dos
Semitas, todos os soldados de Ninrod que o viam zombavam dele, chamando-o de traidor.
Em seu intimo Judas dizia que os castigaria mais tarde depois de tomar posse de
seu reino. Atravessou a passagem de forma altiva e orgulhosa, nem ao menos deu
importância à destruição que estava diante de si. Foi a encontro de Ninrod.
Chegando-se a ele disse orgulhosamente:
- Irmão Ninrod. Eis
diante de você o Vale de Éden, meu reino e seu servo.
Ninrod perguntou
secamente:
- Daqui em diante não
há mais muralhas, ou cidades fortificadas?
- Não. Não há.
Respondeu Judas.
Ninrod disse, então:
- Guardas! Levem este traidor
para receber o castigo que merece.
Os guardas saltaram
sobre Judas arrancando dele todas as suas jóias, retirando suas roupas,
dividindo tudo entre eles. Judas berrava desesperado:
- Ninrod! Ninrod! Eu o
ajudei a conquistar Gilgal. Libertei seu
filho. Você me prometeu que eu seria o rei de Éden. Eu jurei que seria seu
servo. Eu não mereço...
Ninrod, mandou que os
guardas o calassem e disse:
- A palavra dada a um
traidor nunca é levada em conta em
Babel. As leis de Babel dizem que quando um traidor é
capturado deve pagar pelo seu crime. Não há perdão. A Pena para os traidores é
que deverá ser supliciando antes de morrer. Um dia de tortura para cada dia de
traição. Ainda bem que você aproveitou bastante estes últimos oito meses, pois
agora, serão mais oito meses de dor e sofrimento nas mãos dos meus carrascos. E
não se preocupe. Você não morrerá antes de cumprir sua sentença. Levem-no
daqui, agora!
Judas urravam
impropérios e amaldiçoava a todos, principalmente o Altíssimo por lhe negar o
que era seu por direito. Ele padeceu sob todas as formas de tortura, sem jamais
se arrepender, ou buscar ao Senhor.
Ninrod seguiu pelas
estradas, assolando e destruindo todo o vale. Todas as pessoas que encontrava,
matava imediatamente, inclusive mulheres, crianças e velhos. Enfim, quando já não havia mais esperança de salvar
o vale de Éden, os semitas pegaram em armas para lutar. Mas já era tarde
demais.
Ninrod e seus homens
ficaram estupefatos com a quantidade de riquezas que encontraram.