Dentro da cidade os
homens de Pelegue soltaram brados de alegria quando viram os homens de Ninrod,
batendo em retirada. Assim
que os sobreviventes voltaram para o acampamento, todos os que estavam sobre a
muralha, viram aquele mar de corpos espalhados pelos campos, calaram-se,
ninguém ousou dizer uma palavra, cada um imaginava o que poderia ter acontecido
se os invasores tivessem conseguido entrar em Gilgal.
Pelegue pensava tristemente
que aquele campo era apenas o início. Imaginou o belo vale de Éden destruído,
coberto de corpos, então, se retirou para os seus aposentos para orar e chorou.
Ao cair da tarde saiu para se alimentar e deu ordens para que, dentro da sétima
muralha, todos os aerotransportes estivessem preparados para uma partida de emergência.
Os homens não entenderam o porque da ordem, pois achavam que a cidade era
inexpugnável.
De fato o era, desde
que não fosse traída, fato que transcorria naquele momento.
Ninrod estava abismado.
Em meio dia de combates morreram quase cento e cinqüenta mil homens e outros
cem mil estavam feridos. A única coisa que o consolava era a chegada de seu
filho. No jantar eles comeram juntos, Ninrod II contou a seu pai sobre o que
vira e que havia conseguido que um dos Semitas traísse seu povo em troca de ser
nomeado rei e tornar-se vassalo de Ninrod. Tais notícias o agradaram muito e
ele ordenou que Judas fosse ter com ele. Ao vê-lo o saudou calorosamente:
- Salve Judas! Futuro
rei dos Semitas. Eu, Ninrod o acolho como meu servo e legitimo senhor destas terras!
Todos os presentes
ficaram muito admirados da recepção dada ao semita. Judas ainda mais, agora
tinha convicção de que seria rei e sua língua se soltou completamente.
- Salve Ninrod! Rei dos
reis, senhor do mundo! Eu Judas, humilde servo, futuro senhor dos semitas, vim
para colocar-me sob suas ordens. Falou com toda a pompa que costumeiramente
usava nas reuniões do conselho, e que era motivo de escárnio por parte dos seus
adversários.
- Meu Filho, hoje, eu
sofri uma derrota lastimável. Eu não conhecia as máquinas de guerra que
pertencem ao seu povo. Vocês ardilosamente se prepararam. Como não conhecia
esta terra fui pego de surpresa. Mas espero que você, como meu aliado, possa me
dar informações úteis para a minha, quer dizer, nossa vitória.
- Meu senhor, contarei
o que deseja saber apenas se confirmar diante de todos que eu serei nomeado rei
dos semitas e que estas terras farão parte dos meus domínios, em troca pagarei
tributos e serei seu servo.
- Eu Ninrod, confirmo
você como rei dos semitas. Confirmo também estas terras como sendo parte de seu
reino. Aceito sua vassalagem e seus tributos, que em tempo oportuno fixarei.
Agora conte tudo sobre estas terras.
Judas, não hesitou mais
um segundo e falou:
- Nós semitas
construímos um grande reino desde nossa partida de Babel. Eu sou da primeira
geração nascida aqui. Construímos lindas cidades. Nossos campos são os mais
férteis. Temos todo tipo de máquinas que facilitam e multiplicam nosso
trabalho. Em nosso reino há sete cidades, sendo duas que vocês já viram,
El-zedeque e Gilgal. Dentro do vale de Éden, do outro lado das montanhas estão
as cinco cidades restantes. Gilgal e El-zedeque foram construídas para defender
a entrada do vale, pois é lá dentro que estão as nossas maiores riquezas. Cada
região do vale produz um artefato diferente. Havilá trabalha com ouro, prata e
pedras preciosas. Belém e Gilgal cuidam dos alimentos e animais. Sucote produz
todo tipo de metais e máquinas pesadas. El-zedeque e Cafarnaum são nossos
portos e confecções. Betel é onde fabricamos todo tipo de produtos químicos. E
em Enos, nossa capital, que fica no centro do Vale, estão nossas escolas e
fábricas das técnicas mais avançadas, por exemplo, o aerotransporte é feito lá.
Assim é o nosso reino. Judas estava tão cheio de orgulho em contar das riquezas
de Éden, que não percebia os olhares de cobiça dos generais de Ninrod.
- Mas há quantos homens
no exercito? Vocês são em quantos habitantes?
- Somos cerca de
duzentos mil ao todo. Nosso exercito tem cerca de doze mil integrantes, homens e
mulheres.
- O quê? Mulheres
lutam?! Não há ordem entre este povo! – Vociferou Anamin um dos generais
presentes, segundo em comando depois de Ninrod.
- Cale-se Anamin! –
retrucou Ninrod, e virando-se para Judas, disse em tom conciliador – Judas, meu
servo, hoje sofremos uma humilhante derrota, pois os defensores de Gilgal não
lutaram pelas regras de combates civilizados. Usaram artifícios fraudulentos.
Você conhece algum meio, que possamos usar, para lutarmos honradamente?
- Quanto as armas e
técnicas do exercito não sei nada, pois sempre fui contra a guerra. Na minha
infância, Elão nos ensinou técnicas de combate corpo-a-corpo, como até hoje se
ensina a todas as nossas crianças, mas assim que me tornei adulto nunca me
interessei pelo exército. Por isso não sei nada destas armas que eles usaram.
Mas, eu nasci e fui criado em Gilgal, conheço a cidade como a palma da minha
mão. Sei como entrar mesmo com os portões fechados.
- Ora! Por que não
disse isso antes? Ande conte como fazemos isso? – Gritou Ninrod, agarrando
Judas e o puxando para uma grande mesa onde os generais se reuniam, então abriu
um pergaminho – Desenhe aqui um mapa da cidade e de como podemos entrar e
depois abrir os portões.
Nenhum comentário:
Postar um comentário