Era o primeiro dia do
centésimo primeiro ano, da saída de Babel. Dia em quês e comemora a Páscoa.
Passara-se um mês desde a queda de Gilgal. Do alto da primeira muralha podia-se
ver o acampamento de Ninrod. Cada morador de El-zedeque estava apreensivo
depois do desastre de Gilgal. A noticia de que fora um traidor que era o
responsável se espalhou logo. E mais rápido ainda os partidários de Judas
contaram o que sabiam sobre os planos dele. Contaram também que ele havia ido
até Ninrod com propostas de paz e que era esta a missão em que ele se
empenhara. Mas pelo visto, ele havia mudado de opinião e se juntado ao inimigo.
As celebrações
transcorreram sem alegrias. Cada um estava preocupado no que poderiam acontecer
no dia seguinte. Alguns, cedendo ao desespero embriagaram-se com vinho. Outros
foram, depois de muito tempo, aos templos pedir a ajuda do Deus Altíssimo. O
Senhor ouvia estas orações de desespero e respondia: “Quando tinham paz,
esqueceram-se de mim. Quando estavam fartos, satisfeitos e despreocupados não
me amaram como ordenei que me amassem. Agora eu me esqueço de vocês. Me
aborreço do povo que protegi e cuidei. Escolhi para mim um dentre vós que me
dará uma descendência santa, pura, incorruptível, que me ouvirá e Eu os
ouvirei. Quanto a vós outros, por que me esqueceram, me trocaram pelos
conhecimentos e confortos materiais, eu os entrego nas mãos do vosso inimigo
para que os devore”. Assim, foram respondidas, pelo o Senhor, as orações feitas
naqueles dias.
Heber estava muito
entristecido pelo que ocorrera a Gilgal. Elão e Pelegue cuidavam de cada
detalhe da defesa de El-zedeque, dia e noite.
Então após as
celebrações da Páscoa, Pelegue foi conversar a sós com seu irmão Joctã e disse:
- Meu irmão o que me
foi dito pelo anjo do Senhor esta acontecendo, antes do termino deste ano
nossas cidades serão destruídas. Eu lutei com todas as minhas forças para
impedir a queda de Gilgal, mas mesmo assim não consegui. Lutar contra o Deus
Altíssimo é inútil. Devemos cumprir aquilo que Ele nos ordena. Diga-me como
estão os preparativos para a partida para Atlântida?
- Fico triste pelo que
ocorreu e ainda ocorrerá. Mas temos que continuar a trabalhar independente do
que venha acontecer. Desde que fui encarregado de preparar a partida para
Atlântida, trabalho dia e noite cuidando dos preparativos. A cidade de
Atlântida esta pronta, ele foi construída no centro da ilha, em uma enseada
rochosa da baia principal. Também já copiamos todos os livros que há em Éden e
os enviamos para lá. Cuidei que se enviassem exemplares de todas as máquinas,
tanto industriais como domésticas, que temos, bem como técnicos especializados
para montagem e manutenção. Mandamos também uma grande quantidade de alimentos,
sementes e as melhores matrizes dos nossos rebanhos. Em Atlântida os invernos
são muito rigorosos e estamos adaptando os animais e plantas para aquele clima.
O único problema são as pessoas que deverei determinar que partam para lá. Como
definiremos isso?
- Quem e quantos já
partiram?
- Estão morando lá
cerca de doze mil colonos, quase todos da família de Assur e da nossa. Aqueles
que se dispuseram a ir, até agora, são os mais fervorosos seguidores do
Altíssimo. Porém desde a queda de Gilgal, a cada dia centenas me procuram
querendo embarcar. Principalmente, os que não procuram os templos à muito
tempo. O que devemos fazer com estes?
- O anjo do Senhor
alertou que estes devem ser deixados para trás. Quantos navios estão ancorados
em Cafarnaum e El-zedeque?
- Temos quatrocentos em
El-zedeque e seiscentos em Cafarnaum, todos já estão carregados e prontos para
partir imediatamente. Respondeu Joctã.
- Você e Arã conhecem
aqueles que permaneceram fiéis ao Altíssimo. Parta agora mesmo, chamando aos
íntegros para embarcarem. Amanhã, logo ao alvorecer parta com oitocentos
barcos. Deixe apenas os mais velozes para trás. Você e seus filhos partiram com
os que se mantiveram puros. Os outros permaneceram para enfrentar a provação
que o Altíssimo nos destinou. Quando chegar a hora, o restante, aqueles que
forem provados, embarcaram nos barcos que ficarem. Ordene que os marinheiros
fiquem alerta e não deixem que ninguém embarque sem autorização. Se qualquer um
tentar deve ser morto. Agora vá sua missão é urgente.
Joctã, juntamente com
Arã, percorreu todo o vale, naquela noite, clamando aos que se mantiveram
fiéis, para deixarem tudo e os seguirem apenas com a roupa do corpo. Muitos dos
que ouviram o chamado diziam: “Jamais as muralhas de El-zedeque caíram!”.
Outros pensaram: “Construímos as mais belas cidades para homenagear ao Deus Altíssimo
e ele não deixará que caíam nas mãos dos infiéis”. Alguns ainda caçoavam:
“Nunca, jamais os infiéis conseguirão derrotar o povo do Deus Altíssimo”. E
ainda uns ouviram, mas estavam tão confortáveis em suas casas, com todas as
riquezas, os maravilhosos recursos e confortos que o simples fato de deixá-los
para trás lhe doía no coração. E outros tantos, simplesmente estavam dormindo e
nem se sequer ouviu o chamando. Destes, nenhum seguiu com Joctã. Na manhã
seguinte, quando se aperceberam que alguns haviam partido, que a maioria dos
navios não estava mais nos portos, houve grande choro e tumulto no meio do
povo. Porém a entrada nos navios restantes foi impedida pelos homens de
Pelegue.
Partiram, com Joctã, para
Atlântida, doze mil pessoas, naquela manhã.
O cerco contra
El-zedeque estava concluído. Em breve chegariam os reforços que Ninrod mandaram
vir de Babel. As hostilidades logo recomeçariam.
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