sexta-feira, 14 de outubro de 2011

42. Celebração da Páscoa



Era o primeiro dia do centésimo primeiro ano, da saída de Babel. Dia em quês e comemora a Páscoa. Passara-se um mês desde a queda de Gilgal. Do alto da primeira muralha podia-se ver o acampamento de Ninrod. Cada morador de El-zedeque estava apreensivo depois do desastre de Gilgal. A noticia de que fora um traidor que era o responsável se espalhou logo. E mais rápido ainda os partidários de Judas contaram o que sabiam sobre os planos dele. Contaram também que ele havia ido até Ninrod com propostas de paz e que era esta a missão em que ele se empenhara. Mas pelo visto, ele havia mudado de opinião e se juntado ao inimigo.
As celebrações transcorreram sem alegrias. Cada um estava preocupado no que poderiam acontecer no dia seguinte. Alguns, cedendo ao desespero embriagaram-se com vinho. Outros foram, depois de muito tempo, aos templos pedir a ajuda do Deus Altíssimo. O Senhor ouvia estas orações de desespero e respondia: “Quando tinham paz, esqueceram-se de mim. Quando estavam fartos, satisfeitos e despreocupados não me amaram como ordenei que me amassem. Agora eu me esqueço de vocês. Me aborreço do povo que protegi e cuidei. Escolhi para mim um dentre vós que me dará uma descendência santa, pura, incorruptível, que me ouvirá e Eu os ouvirei. Quanto a vós outros, por que me esqueceram, me trocaram pelos conhecimentos e confortos materiais, eu os entrego nas mãos do vosso inimigo para que os devore”. Assim, foram respondidas, pelo o Senhor, as orações feitas naqueles dias.
Heber estava muito entristecido pelo que ocorrera a Gilgal. Elão e Pelegue cuidavam de cada detalhe da defesa de El-zedeque, dia e noite.
Então após as celebrações da Páscoa, Pelegue foi conversar a sós com seu irmão Joctã e disse:
- Meu irmão o que me foi dito pelo anjo do Senhor esta acontecendo, antes do termino deste ano nossas cidades serão destruídas. Eu lutei com todas as minhas forças para impedir a queda de Gilgal, mas mesmo assim não consegui. Lutar contra o Deus Altíssimo é inútil. Devemos cumprir aquilo que Ele nos ordena. Diga-me como estão os preparativos para a partida para Atlântida?
- Fico triste pelo que ocorreu e ainda ocorrerá. Mas temos que continuar a trabalhar independente do que venha acontecer. Desde que fui encarregado de preparar a partida para Atlântida, trabalho dia e noite cuidando dos preparativos. A cidade de Atlântida esta pronta, ele foi construída no centro da ilha, em uma enseada rochosa da baia principal. Também já copiamos todos os livros que há em Éden e os enviamos para lá. Cuidei que se enviassem exemplares de todas as máquinas, tanto industriais como domésticas, que temos, bem como técnicos especializados para montagem e manutenção. Mandamos também uma grande quantidade de alimentos, sementes e as melhores matrizes dos nossos rebanhos. Em Atlântida os invernos são muito rigorosos e estamos adaptando os animais e plantas para aquele clima. O único problema são as pessoas que deverei determinar que partam para lá. Como definiremos isso?
- Quem e quantos já partiram?
- Estão morando lá cerca de doze mil colonos, quase todos da família de Assur e da nossa. Aqueles que se dispuseram a ir, até agora, são os mais fervorosos seguidores do Altíssimo. Porém desde a queda de Gilgal, a cada dia centenas me procuram querendo embarcar. Principalmente, os que não procuram os templos à muito tempo. O que devemos fazer com estes?
- O anjo do Senhor alertou que estes devem ser deixados para trás. Quantos navios estão ancorados em Cafarnaum e El-zedeque?
- Temos quatrocentos em El-zedeque e seiscentos em Cafarnaum, todos já estão carregados e prontos para partir imediatamente. Respondeu Joctã.
- Você e Arã conhecem aqueles que permaneceram fiéis ao Altíssimo. Parta agora mesmo, chamando aos íntegros para embarcarem. Amanhã, logo ao alvorecer parta com oitocentos barcos. Deixe apenas os mais velozes para trás. Você e seus filhos partiram com os que se mantiveram puros. Os outros permaneceram para enfrentar a provação que o Altíssimo nos destinou. Quando chegar a hora, o restante, aqueles que forem provados, embarcaram nos barcos que ficarem. Ordene que os marinheiros fiquem alerta e não deixem que ninguém embarque sem autorização. Se qualquer um tentar deve ser morto. Agora vá sua missão é urgente.
Joctã, juntamente com Arã, percorreu todo o vale, naquela noite, clamando aos que se mantiveram fiéis, para deixarem tudo e os seguirem apenas com a roupa do corpo. Muitos dos que ouviram o chamado diziam: “Jamais as muralhas de El-zedeque caíram!”. Outros pensaram: “Construímos as mais belas cidades para homenagear ao Deus Altíssimo e ele não deixará que caíam nas mãos dos infiéis”. Alguns ainda caçoavam: “Nunca, jamais os infiéis conseguirão derrotar o povo do Deus Altíssimo”. E ainda uns ouviram, mas estavam tão confortáveis em suas casas, com todas as riquezas, os maravilhosos recursos e confortos que o simples fato de deixá-los para trás lhe doía no coração. E outros tantos, simplesmente estavam dormindo e nem se sequer ouviu o chamando. Destes, nenhum seguiu com Joctã. Na manhã seguinte, quando se aperceberam que alguns haviam partido, que a maioria dos navios não estava mais nos portos, houve grande choro e tumulto no meio do povo. Porém a entrada nos navios restantes foi impedida pelos homens de Pelegue.
Partiram, com Joctã, para Atlântida, doze mil pessoas, naquela manhã.
O cerco contra El-zedeque estava concluído. Em breve chegariam os reforços que Ninrod mandaram vir de Babel. As hostilidades logo recomeçariam.

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