quinta-feira, 30 de junho de 2011

Babel - 22. Presidente

Após o termino dos funerais, o Conselho foi reunido. A tristeza pairava sobre todos. Elão tomou a palavra e inicio a sessão:
- Irmãos, nosso amado pai faleceu, porém nós permanecemos e nossos filhos e netos continuaram a viver depois da nossa morte. É preciso que continuemos a missão que nos foi incumbida na gruta, pelo anjo do Senhor. Deus Altíssimo. Devemos terminar de edificar as nossas cidades. E prepararmos-nos para o dia do conflito com Ninrod.
- Irmão – interveio Lude – faz cinco anos que deixamos Babel. Até hoje nunca sequer um único homem de Ninrod se aproximou daqui. Creio que não devemos nos preocupar com essa guerra...
- É porque ainda não nos encontrou! Interpelou Arfaxade.
- Com certeza ele nos encontrará! Disse Salá, em tom tristonho – Devemos seguir as orientações que o ancestral nos deixou. Precisamos estar preparados para a guerra. Porém há assuntos mais prementes que este. A última vontade de Sem era que Heber fosse o presidente deste conselho até o termino das construções. Proponho que assim façamos, que o elejamos hoje neste reunião.
- Trabalhei com Heber na mineração quando preparávamos o recursos para edificar El-zedeque, sou a favor de que ele seja nosso líder! Disse Arfaxade com grande entusiasmo.
- As defesas que ele planejou superaram em muito tudo o que eu imaginara! Elão falou com uma alegria poucas vezes vista nas reuniões do conselho – Também sou a favor!
- Contenhamos o entusiasmo – Interveiu Arã em tom pensativo – nosso povo está crescendo enormemente, quase todos os anos nossas esposas estão dando a luz filhos e filhas mui robustas, e parece que elas próprias n ao sentem o peso da gestação. Temos muitas crianças e logo teremos jovens e idade de trabalhar e formar suas famílias. Precisaremos de um líder que saiba conduzir estes jovens nos caminhos do Deus Altíssimo. Mas neste momento precisaremos dos conhecimento de Heber para que edifiquemos nossas cidades, pois nossas crianças precisarão de um teto para abrigar suas famílias. Assim, até que chegue o momento de reconsiderarmos e elegermos um novo presidente sou a favor do nome de Heber.
Todos os demais membros do conselho foram unânimes. Heber era o novo presidente. Então, visivelmente constrangido e abalado tomou a palavra e disse:
- Irmãos, não me sinto preparado para tamanha tarefa. Porém, ouvi uma voz do céu que me exortava a aceita-la, pois o Deus Altíssimo seria comigo. Precisarei da ajuda e apoio de cada um de vocês para que obtenhamos sucesso em nossa missão. Se houver qualquer tipo de divisão entre nós seremos derrotados. Ao dizer isso foi ovacionado por todos, e só a muito custo conseguiu fazer o silêncio novamente. E continuou:
- O vale de Éden está protegido, não como Ninrod invadi-lo facilmente. Porém as planícies do Jordão e o vale de Megido estão desprotegidos. O local mais propicio para ajuntar um grande exercito contra nossa cidade é lá que devemos concentrar nossos esforços. Proponho que de imediato partamos para edificar a cidade de Gilgal.
A proposta foi aceita e cada um partiu para suas tarefas. Arfaxade foi preparar os metais necessários. Hirão, Bezalel, Elão e Heber puseram-se a planejar a cidade de Gilgal.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Babel - 21. Sem, Morreu



“Quod sum causa tuae viae,
Ne me perdas illa die.”
(de que viestes ao mundo por minha causa:
não me condeneis nesse dia.)
Cinco anos passaram-se desde a chegada ao Éden. A cidade de El-zedeque estava pronta. Sem havia completado seiscentos anos no mês em que encheram o lago Genesaré. Do alto da Muralha da terceira porta ele contemplava a toda a cidade. Ao seu lado estava Heber, seu bisneto favorito. Heber havia construído uma cidade mais bela do que Sem jamais imaginara. Grandes muralhas totalmente brancas, as casas também eram brancas, mas cada um tinha um detalhe colorido nos umbrais das janelas e portas. As ruas eram verdadeiros pomares. Então falou:
- Lude fez um ótimo trabalho quando plantou as árvores, podemos comer frutas em todas as épocas do ano.
- Sim Ancestral – respondeu Heber, segurando o braço de Sem – Nossa cidade é a mais bonita de todas. Mas ainda não gosto dela. Elão exigiu que fossem construídas todas estas muralhas, isso não me agrada. Em breve o Senhor verá as cidades mais belas dentro do Vale de Éden.
- Não, Não verei – Respondeu Heber com voz cansada – Meu filho, o Deus Altíssimo já me mostrou muito mais do que eu merecia. Meu tempo sobre esta terra está terminando.
- Ancestral, não diga isso, o senhor ainda é forte e saudável...
- Mas já completei seiscentos anos, minha hora já chegou – Heber fez menção de responder, mas Sem o impediu – pedi que me trouxesse aqui para que eu visse esta cidade pela última vez, além disso, preciso lhe falar algo. Tive uma visão, um anjo do Senhor disse que desfrutaríamos de um período de paz e prosperidade, que durante este tempo devemos ensinar nossos filhos a se conservarem fieis e obedientes ao Altíssimo. Pois, não muito distante, virá um época de tribulação enorme onde seremos provados. Haverá guerra entre nós e os filhos de Cam. Por isso quero que você seja meu sucessor, já manifestei isso inúmeras vezes e chegou a hora de você assumir o posto. Guie este povo, ensine-o! Que o Deus Altíssimo seja contigo.
Ao dizer isso deu um beijo na testa de Heber e morreu.
Heber sentiu seu bisavô cair sobre si e entrou em desespero. Chorou amargamente. Então ouviu uma voz que dizia:
- Não temas seja forte, pois estarei ao seu lado. Sou o Deus de seus pais e não o deixarei só.
Heber ergueu-se tomou Sem em seus braços e o sepultou. Todos na cidade seguiram o para dentro do Vale de Éden, cavaram um tumulo e colocaram o corpo de Sem. Pratearam durante todo aquele mês a partida de Sem, o último dos sobreviventes da Grande Calamidade. Assim o último dos antigos morreu. Sobre sua sepultura ergueram um grande monumento.

sábado, 25 de junho de 2011

Babel - 20. El-zedeque


“Recordare, Jesu pie,”
(Recordai-Vos, ó piíssimo Jesus)
Quando terminou o verão, imediatamente recomeçaram a construir as estruturas do porto, inclusive grandes galpões para a reforma e construção de navios. Fizeram as fundações das muralhas da quinta, sexta e sétima porta. A quinta porta começava onde acaba o porto, contornava o istmo (sendo que na extremidade construí-se um farol) e seguia junto a praia,  até um grande pedra, ali ela dividia-se em duas, uma ia reto até as montanhas, na qual ficava a quinta porta. A outra seguia num ângulo de quarenta e cinco graus até o forte da praia. Do forte surgia a muralha interna, onde ficava a sexta porta. A muralha externa seguia paralelo a praia onde foi construída uma torre, dali seguia reto até as montanhas onde no sopé foi erguida outra torre, dentro da qual ficava porta para a planície de Megido. No meio da distancia da praia até a montanha estava a sétima porta. Estas três portas eram iguais a quarta porta.
 Todas as ruas de dentro da cidade eram largas e pavimentadas com granito rosa polido. Havia um canteiro de arvores frutíferas no meio das ruas principais, e em todas foram plantadas árvores dos dois lados da rua, formando uma sombra muito agradável no verão.
Nos pátios internos das muralhas foram assim distribuídos: no primeiro e segundo pátio que eram os maiores foram construídas as casas e jardins frutíferos da cidade. No terceiro pátio, onde ficava o porto, era a área das oficinas. No quarto pátio ficavam os depósitos e armazéns. No quinto pátio foi construído o templo e a escola.
Naquele ano também se construiu primeira, segunda e terceira portas. Nas quais se utilizou um aço que não enferruja e é extremamente resistente. Construíram, também, os postos de guarda no alto da passagem.
A mais difícil construção de todas foi o lago Genesaré. Com novecentos e setenta metros de comprimento por seiscentos de largura e dez de profundidade. E com a ilha no centro medindo seiscentos metros de comprimento por trezentos e setenta. Seria a primeira defesa da cidade contras ataques vindas da planície e da grande floresta. Ele começava no sopé das montanhas e terminara nas margens do lago salgado. Representou o maior desafio para Heber, Hirão e Bezalel.
Durante o inverno, eles e suas equipes cavaram um desvio para o rio Jordão. Logo após iniciaram as escavações, durante o verão seguinte o trabalho foi ainda mais árduo devido as chuvas que alagavam as partes escavadas. A terra foi utilizada para aumentar o nível da cidade e construir aterros junto às muralhas para protegê-las do lago salgado. Ao termino de um ano e meio terminaram as escavações e construíram as paredes de pedra ao redor da ilha e do lago. Também foram erguidas as pontes que ligam a ilha aos dois lados do lago, bem como todo o sistema de comportas que regula o nível das águas.
Finalmente o rio Jordão foi desviado para dentro do lago. Demorou quase um mês para enchê-lo e desaguar novamente no mar. Nos dias de muito calor as crianças iam nadar nele.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Babel - 19. A muralha



“Rex tremendae majestatis,
Qui salvandos salvas gratis,
Salva me, fons pietatis. “
(Ó Rei, cuja majestade é tremenda,
mas que salvais gratuitamente os escolhidos,
salvai-me, ó fonte de piedade!)
Heber levantou antes do raiar do sol, e foi para os fornos preparar as tarefas do dia. A primavera estava no auge, Heber ficou impressionado com a beleza do nascer do sol sobre o lago salgado. Desde a grande jornada ele não via aquele espetáculo, em seu intimo pensou – “sem dúvida a natureza mostra a gloria do Altíssimo” – estava tão absorto em seus pensamento que foi surpreendido pelos homens que chegaram, liderados por Bezalel e Hirão. Ele tomou a palavra e disse:
- Irmãos! Vocês têm trabalhado arduamente e estão de parabéns pelo ótimo trabalho que fizeram, nossas cidades serão as mais belas que jamais existiram. Elas serão erguidas com a bênção de Deus, para a Glória o Altíssimo e serão feitas por suas mãos – ao dizer isso foi ovacionado pelos presentes, Hirão pensou que ele era líder a altura de Sem. Após fazer-se o silêncio, continuo:
- Sabemos que Ninrod está a nossa procura para nos destruir. Ele é o adversário do Deus Altíssimo e fará de tudo para nos prejudicar. Todos aqui conhecem as atrocidades de que Ninrod é capaz, por isso nossa cidade, além de bela deve ser a mais protegida de todas. Foi com o intuito de construí-la com a força da rocha mais dura que eu lhes ordenei que construíssem está mó e estes fornos. Eu aprendi nos livros dos antigos como fazer um tipo de argamassa que é tão dura quanto a rocha e nos permitirá construir coisas incríveis.
Ao dizer isso, Heber pegou uma medida de argila e moeu. Depois moeu também as conchas e o calcário. Ele misturou tudo, colocou dentro de um dos fornos e acendeu. Deixou ali queimando até o meio dia. Quando retirou, a mistura havia se reduzido um terço. Ele separou um pó branco, misturou água. Fez uma pasta e espalhou sobre uma das pedras da muralha, alisou delicadamente deixando a superfície bem lisa, a pasta secou rapidamente. E pediu que os presentes passassem a mão sobre a superfície. Eles fizeram com ordenado e ficaram estupefatos com a lisura da superfície. E Heber falou:
- Isto se chama gesso, nós o usaremos para fazer o acabamento das nossas construções.
Depois ajuntou varias pedras negras que havia se formado no forno e as triturou juntamente com um pouco de gesso e cinzas até formar um pó muito fino.
- Este pó chama-se cimento e servirá pomo liga para unirmos as pedras e construirmos nossos edifícios.
Então ele misturou o cimento com água, areia e pedriscos, deixando secar por dois dias e todos viram que aquela mistura havia se tornado dura como uma rocha. Logo a seguir os fornos de preparação de cimento passaram a funcionar ininterruptamente.
Imediatamente começaram a erguer a muralha. Fizeram as fundações sobre o leito rochoso utilizando as técnicas que Heber lhes ensinara, utilizando a argamassa de cimento, areia e pedriscos, colocando dentro uma armação de barras de ferro. A muralha era formada de uma tripla estrutura. A primeira de enormes pedras assentadas umas sobre as outras e unidas com argamassa. A segunda, que ficava para o lado interno era de concreto armado com aço. E a intermediaria era um espaço preenchido de terra ou areia, que tinha a finalidade de absorver os impactos contra a muralha.
A equipe liderada por Bezalel começou a erguer a muralha no sopé da montanha e seguiram reto até próximo da enseada. Ao mesmo tempo a equipe de Hirão ergueu a muralha começando junto a montanha onde termina a enseada, seguiu margeando o lado norte da enseada até próximo do meio, onde a escarpa rochosa terminava e começava a praia de areia, ali as duas equipe se encontraram. 
A quarta porta era composta de um sistema triplo de fechamento. A porta externa era de madeira com trinta centímetros de espessura, reforçada com ferro e totalmente decorada com bronze polido. A porta intermediaria era uma grade de aço que ficava suspensa e descia ou subia por meio de um mecanismo de correntes. A porta interna era uma imensa estrutura de granito, com um metro de espessura, reforçado com aço e decorado com incrustações de bronze e cobre, que deslizava sobre cilindros de aço. Ela ficava em uma vala, quando era preciso fechá-la apenas um homem podia mover aquela imensa porta.
Logo após o assentamento das portas, realizou-se uma grande festa e a muralha foi consagrada ao Deus Altíssimo. Durante as festividades Heber casou-se com Milca, e houveram vários outros casamentos neles dias de festa.
Durante as núpcias de Heber, Hirão liderou os trabalhos de construção das casas e ruas da parte murada. Era fim do verão, e as chuvas torrenciais causaram muitos estragos nas casas por isso, Hirão foi planejou e construiu u eficiente sistema de coleta de águas e esgotos para a cidade.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Babel - 18. A reunião



“Quem patronum rogaturus,
Cum vix justus sit seccurus ?”
(Que protector procurarei,
quando somente o justo estará tranquilo?!)
Logo ao raiar do Sol, Heber foi despertado por sua mãe que lhe serviu um farto café da manhã, como ele nunca havia comido. Ao terminar saiu junto com seu pai e foi para a reunião do conselho.
Lá já estavam reunidos todos os membros, após as saudações e cumprimentos Sem tomou a palavra e abriu a reunião:
- Meu filhos, dia a após dia temos recebido as bênçãos de Deus, sejamos grato pelo cuidado que ele tem por nós. Nunca nos desviemos de seus caminhos. Conservem seus corações obedientes, ensinem seus filhos e, eu tenho certeza, o Deus altíssimo nunca nos abanadorá. Enfim os preparativos para a construção estão finalizados. Heber retornou de sua missão e devemos ficar cientes da situação atual, cada um relatará o que aconteceu deste a sua partida.
Salá tomou a palavra e disse:
- Não tenho muito a dizer, apenas que, eu e Sem, procuramos ensinar aos jovens os temor ao Deus Altíssimo, a leitura, a escrita, os cálculos e conhecimentos dos antigos. A noticia mais interessante que ainda não lhe contei é que todas as mulheres casadas estão grávidas, logo teremos muitas crianças em nosso meio.
A seguir Arã falou:
- As queixas que acontecem são coisas do cotidiano, na maioria são desentendimentos que são rapidamente resolvidos, quando o povo tem trabalho por fazer, não resta tempo para praticar atos levianos e cometer erros.
Elão, então falou:
- Organizei patrulhas que estão explorando e vigiando o caminho por onde viemos, a grande floresta, a campina do Jordão e as encostas dos montes até o grande deserto. Também estou treinando todas as crianças com mais de dez anos para saberem lutar. Todos os homens com mais de vinte anos devem participar dos treinamentos uma vez por semana, em uma manhã. As mulheres também estão recebendo treinamento, mas apenas a cada quinze dias. Até o momento não encontramos com nenhuma patrulha dos soldados de Ninrod, mas já os vimos rondando no alto do penhasco.
Lude, começou a falar:
- Heber, você sabe que foi contra nossa saída de Babel, graças ao Altíssimo eu estava errado e saímos de lá. Desde o dia que nos chegamos não me canso de ficar maravilhado com a fertilidade destas terras. Logo após sua partida para as minas, eu e os meus homens fomos lavrar as campinas do Jordão e a planície de Megido, nossa safra de trigo e cevada nunca foi tão grande quanto esta. Também a cada dia que vasculhamos a grande floresta encontramos novos tipos de frutas comestíveis ...
- Realmente – interrompeu Heber - desde ontem, quando cheguei não paro de comer novos tipos de frutos.
- De fato – Continuou Lude – descobrimos, nas encostas da montanhas, um novo tipo de cereal, que chamamos de milho, ele é tão bom quanto o trigo, e também serve para alimentar os animais. Estamos tentando aprender a cultiva-lo. Nos alagados do Jordão, encontramos um tipo de planta, que foi chamada de arroz, que já conseguimos cultivar. Heber, quero pedir perdão por desafiá-lo e tentar ir contra a vontade de Deus, ao fazermos o que Ele nos mandou, eu só tenho encontrado bênçãos. Ao terminar de falar Lude abraçou Heber.
Por sua vez Assur, relatou:
- Encontramos madeiras boas para construir barcos. Devido ao tamanho do lago salgado, estamos adaptando nossas embarcações. Pescamos imensa variedade de peixes, inclusive já encontramos alguns que tem mais de trinta metros de comprimento, que são dóceis e chegam muito próximo quando navegamos, um dia tentaremos pesca-los. Ainda não conseguimos atravessar o lago, mas já seguimos a largo das montanhas até o seu fim. Do outro lado encontramos um grande deserto, que ainda não conseguimos atravessar. Porém logo após o fim das montanhas, no começo do deserto, achamos ricas fontes de Betume e um tipo de liquido viscoso e preto, que serve para lubrificarmos e também se presta para queimar, porém produz uma fumaça muito preta e um cheiro desagradável – Fez uma pausa e olhou para Elão, que com um sinal discreto o incentivou a continuar falando – Heber, toda a costa que fica ao lado das montanhas é constituída de uma seqüência de paredes rochosas com mais de duzentos metros de altura, mas qual é impossível atracar. Também encontramos a cachoeira que você relatou. De fato ela cai de uma altura de uns trezentos metros, é uma visão impressionante. Mas logo abaixo dela existe um grande caverna, a entrada é estreita, tem uns setenta metros de largura, por uns cinqüenta de altura. Dentro, ela se estende por mais de dois quilômetros abaixo dos montes, há vários locais onde pode-se atracar, a impressão é que estamos um gigantesco palácio, devido as formações rochosas do teto e das paredes. Quando chegamos ao final da caverna principal, eu e mais alguns descemos e escalamos algumas entradas e descobrimos uma que saia nas proximidades do lago cafarnaum. Ao retornarmos contei ao Conselho sobre esta caverna ficamos preocupados com a possibilidade de ser um local por onde se possa invadir o vale.
- Assur – disse Heber, preocupado – Eu não imaginava que existisse tal caverna. Assim que for possível quero que me leve até lá.
- Estou a disposição. Respondeu Assur.
Então, Hirão tomou a palavra e, um tanto impaciente, disse:
- Todos os preparativos da construção estão prontos. Temos tijolos e pedras suficientes. Os metais que Heber trouxe são da quantidade necessária. As valas das fundações foram cavadas até chegar às rochas de granito. Também recolhemos argila e calcário uma grande quantidade, além das conchas da praia – Hirão olhou para Heber e falou sorrindo – Heber, não sei para o que é que você quer isso, mas nossas crianças levaram essa tarefa tão a sério que todos os dias pela manhã saem e só voltam com seus cestos cheios. Já demarcamos as ruas e lotes onde cada um construirá sua casa. Por fim, construímos os fornos que você desenhou e as os moedores. Gostaria que você nos contasse para que servirão aquelas coisas.
- Amanhã, eu lhes mostrarei a utilidade disso – Respondeu Heber com ares de mistério. E contou como foi sua missão.
Naquela tarde Heber e Hirão, vistoriaram todos os preparativos para começarem os trabalhos em poucos dias. Heber pediu que todos os construtores estivessem pela manhã do dia seguintes, junto aos fornos, para começarem os trabalhos. À noite ele jantou na tenda de Elão.

domingo, 19 de junho de 2011

Babel - 17. As minas



“Quid sum miser tunc dicturus ?”
(Infeliz de mim! Que poderei dizer então?)
Ao saírem da passagem, tomaram a direção nordeste, seguindo pela planície no meio das florestas frutíferas. Era a estação outonal, a temperatura era agradável e caminhar à sombra daquele bosque foi mostrava-se muito aprazível. Durante a caminhada, todos observavam atentamente cada detalhe daquele vale idílico.
Após alguns dias de caminhada chegaram ao rio Tigre. Dali, seguiram o seu curso até sua nascente nas montanhas. O Altíssimo foi propicio e encontraram uma grande caverna onde armaram seu acampamento e no mesmo dia começaram a preparar as fundições e ferramentas para o árduo trabalho que viria.
Nos dias seguintes Heber e Arfaxade localizaram ricas minas de ferro e estanho, de imediato deu-se inicio a extração destes minerais. Após quase um mês de procura encontraram as minas de chumbo, cobre e prata e outros minérios.  As fundições estavam acessas durante o dia e a noite.
Arfaxade ensinou a Heber como produzir bronze, aço e diferentes tipos de ligas metálicas misturando diversas proporções de mineiros em temperaturas diferentes, desde metais leves e resistentes até um tipo de aço que não era atacado pela ferrugem.
Passaram todo o inverno ali, que era frio sem chuvas, com um vento cortante que descia das montanhas e doía nos ossos. Felizmente descobriram que não nevava no vale. O trabalho prosseguiu ininterrupto até o final do inverno quando viram que já tinha o suficiente para construir a primeira muralha.
Então, Heber partir com um terço dos homens para voltar para El-zedeque, enquanto o restante continuaria a preparar mais metais para todas as construções.
Todos os animais e os carroções que eles construíram durante o inverno para transporte da carga voltaram carregados, por isso a viagem foi mais demorada do que o previsto.
Ao se aproximarem da passagem viram um coluna de fumaça que se erguia, de imediato a tensão tomou conta do grupo, pensaram que eram os homens de Ninrod atacando. Um jovem de nome Sete foi enviado, à frente para ver o que havia acontecido, pouco tempo depois ele retornou trazendo noticias boas. A coluna de fumaça que viram era dos fornos de cozimento de tijolos que Hirão construíram próximo à passagem.
         De imediato a tensão desapareceu e apressaram o passo para chegar logo.
         Ao serem visto a noticia logo se espalhou e Hirão correu para saudar seus companheiros.
- Salve Heber, que o Altíssimo o abençoe! Disse entusiasmado.
- Que o Deus Altíssimo lhe seja propicio! – Respondeu Heber – Vejo que seu serviço vai acontento!
- O Altíssimo tem nos abençoado. Desde sua partida, já conseguimos lavrar pedras suficientes para erguer a primeira muralha, temos tijolos para construir nossas casas e edifícios. E sua missão como foi?
- Fomos afortunados. Encontramos ricas jazidas de minérios e produzimos durante todo o inverno. Trouxe o necessário para esta primeira etapa, Arfaxade continuara nas minas produzindo o restante para as construções futuras.
Enquanto seguiam cruzaram próximos às fornalhas e Heber vislumbrou a imensa quantidade de tijolos prontos. Ao saírem da passagem, Heber sentiu o cheiro da brisa do lago Salgado e de sentiu ainda mais vontade de estar junto de rever Milca.
Ao sair da passagem viu que suas instruções foram seguidas à risca As valas das fundações estavam cavadas, as pedras cortadas nas medidas certas e empilhadas nos locais onde seriam assentadas, muitas pilhas de madeira. Tudo estava pronto para se erguer a muralha da quarta porta.
Logo foi saudado por Elão e os outros membros do Conselho:
- Seja Bem-vindo Heber! Estávamos ansiosos por revê-lo. Descanse de sua viajem e amanhã pela manhã nos reuniremos com o conselho para discutirmos os detalhes do inicio das construções – então sorriu de forma matreira e disse – Recomendo que procure sua noiva, ela está morrendo de saudades suas – disse dando um tapa nas costas de Heber, que imediatamente corou de vergonha.
Heber dirigiu-se a tenda de seu pai e permaneceu pouco tempo lá, pois estava ansioso para encontrar Milca. Saiu correndo de sua tenda e foi ao encontro de sua amada. Milca foi sobremaneira alegre se beijaram longamente. Permaneceram até tarde da noite conversando.