“Cum resurget creatura
Judicanti responsura”
Judicanti responsura”
(quando a criatura comparecer
para ser julgada pelo Juiz.)
para ser julgada pelo Juiz.)
Quanto a chuva cessou o povo voltou a marchar. Durante alguns dias seguiram próximos ao sopé do penhasco. Mas cada vez mais a mata tornava-se mais densa e fechada, dificultando o prosseguimento por aquele caminho.
Adentraram pelo meio da densa floresta. Devido as fortes chuvas o solo estava encharcado de água, ao ser pisado transformava-se em um barro que grudava na sola dos pés, dificultando a caminhada. Ao penetrar mais profundamente na mata, descobriram os baixios estavam alagados, em certos pontos era preciso atravessar com água na altura da cintura.
As árvores eram mui altas, algumas precisavam de dez homens adultos para circundá-las. Elas protegiam o povo do rigor do sol, durante todo o dia eles caminhavam numa penumbra parcial, e durante a noite era quase impossível ver as estrelas. À medida que o solo ai secando, o ar ficava denso, muito úmido, a floresta estava abafada, extremamente quente.
Os insetos começaram a atacar Semitas com tamanha avidez que para suportá-los o povo começo a queimar incenso tentando afuguentá-los. Todos ficavam o tempo em alerta por causa dos animais desconhecidos que rondavam os acampamentos.
Estas dificuldades esmoreceram o animo do povo que começou a reclamar constantemente dizendo:
- Estávamos confortáveis em nossas casas, não tínhamos que suportar este calor, estes insetos e animais ferozes que nos estão devorando. Devíamos ter permanecido em Babel!
Ou então:
- Se houvéssemos procurado Ninrod e negociado nossos serviços com certeza não correríamos nenhum perigo. Acho que seria bom voltarmos enquanto ainda estamos vivos.
Mais ainda:
- Jamais deveríamos ter dado ouvidos a Heber, que nos enganou com toda aquela conversa de jardim maravilhoso, riquezas sem fim, devemos voltar para Babel.
Ao ouvir a murmuração de seus filhos diante das provações, Sem ficou muito angustiado, colocou-se de joelhos e orou ao Senhor dizendo:
- “Deus Altíssimo! – clamou em alta voz chorando - Ouça a oração do teu servo que tem sido fiel as tuas ordens deste menino. Não dê ouvidos as murmurações dos meus filhos, que desejam abandonar os teus caminhos, pois estão sofrendo com estas provações. Perdoa-lhes meu Deus! Aumenta-lhes a fé! Suplico que, por amor das tuas promessas não deixe que eles se percam. Sustenta-nos, ó nosso Deus! Mostra ao meus filhos que só Tu és digno de ser adorado. Grava em seus corações o temor e a confiança absoluta no teu cuidado. Ó meu Deus, mostra-te a eles, para que O conheçam e jamais venham a desviar dos teus caminhos”.
Antes de terminar a oração o chão começou a tremer intensamente. Um forte vento soprou balançando as copas das árvores a ponto de quebrá-las. Os filhos de Sem entraram em desespero e comeram a chorar. Alguns tentaram correm, mas seus corpos não respondiam, todos estavam paralisados de terror diante daqueles fenômenos.
Então, diante deles, uma grande árvore começou a pegar fogo, porém as chamas pareciam queimar de cima para baixo, e não destruíam as folhas da árvore. Todos ficaram petrificados de medo. E saiu uma forte voz do meio das chamas dizendo:
-“Eu Sou! Eu Sou o Deus de Nóe! Aquele que tudo fez! Eu os escolhi para que me servissem. Eu ordenei que saíssem de Babel e fossem para o local que escolhi. Tenho cuidado de vocês a cada passo desta jornada, não temam, pois não permitirei que mal algum aconteça convosco. Guardem seus corações fieis a mim, pois eu sou fiel para com vós outros. Cumpram minhas leis que agora ordeno: Ame a mim de todo o vosso entendimento, com todas as vossas forças e de todo o vosso coração. Ame ao seu próximo com a ti mesmo. Se me obedecerem estarei sempre ao vosso lado. Se, ao contrario, me desobedecerem serei contra vós e os eliminarei diante de mim. Sigam após meus servos Sem e Heber até a terra que vos prometi”.
Ao terminar de falar, fez-se grande silêncio, o chão cessou de tremer. O forte vento parou. As chamas desapareceram. Não se ouvia o som de nenhum animal. Todo o povo caiu de joelhos, chorou amargamente por lembrar-se de haver desejado voltar para Babel. Durante todo aquele dia e noite, ninguém ousou colocar-se de pé, ou falar, ou comer, cada um orava intensamente pedindo perdão pelo seu pecado.
No raiar do dia seguinte, Sem levantou-se e seus filhos o imitaram. Então eles ofereceram culto ao Deus Altíssimo durante todo aquele dia, em jejum, agradecendo a proteção e todas as bênçãos recebidas. Os cantos do povo foram ouvidos do alto do penhasco, a grande distância, pelos soldados que Ninrod enviava constantemente para encontrar os filhos de Sem. Ao ouvirem aqueles cânticos ficaram possuídos de intenso pavor e voltaram em disparam para Babel.
Ao anoitecer fizeram uma grande refeição, e se alegraram muitíssimo, pois todos sentiam o coração reconfortado pela presença e proteção do Deus Altíssimo. Daquele dia em diante não se ouviu mais nenhuma queixa sobre qualquer dificuldade.
Seguiram dentro da floresta por mais 20 dias até chegarem às margens de um grande rio. Naquele ponto, o rio era largo, com mais de cem metros de largura, e muito raso, era possível atravessar a pé. O local era muito agradável e permaneceram ali alguns dias descansando.
Depois do período de descanso, atravessaram o rio seguiram beirando seu leito. Caminharam por mais dez dias até chegarem à foz.
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