terça-feira, 28 de junho de 2011

Babel - 21. Sem, Morreu



“Quod sum causa tuae viae,
Ne me perdas illa die.”
(de que viestes ao mundo por minha causa:
não me condeneis nesse dia.)
Cinco anos passaram-se desde a chegada ao Éden. A cidade de El-zedeque estava pronta. Sem havia completado seiscentos anos no mês em que encheram o lago Genesaré. Do alto da Muralha da terceira porta ele contemplava a toda a cidade. Ao seu lado estava Heber, seu bisneto favorito. Heber havia construído uma cidade mais bela do que Sem jamais imaginara. Grandes muralhas totalmente brancas, as casas também eram brancas, mas cada um tinha um detalhe colorido nos umbrais das janelas e portas. As ruas eram verdadeiros pomares. Então falou:
- Lude fez um ótimo trabalho quando plantou as árvores, podemos comer frutas em todas as épocas do ano.
- Sim Ancestral – respondeu Heber, segurando o braço de Sem – Nossa cidade é a mais bonita de todas. Mas ainda não gosto dela. Elão exigiu que fossem construídas todas estas muralhas, isso não me agrada. Em breve o Senhor verá as cidades mais belas dentro do Vale de Éden.
- Não, Não verei – Respondeu Heber com voz cansada – Meu filho, o Deus Altíssimo já me mostrou muito mais do que eu merecia. Meu tempo sobre esta terra está terminando.
- Ancestral, não diga isso, o senhor ainda é forte e saudável...
- Mas já completei seiscentos anos, minha hora já chegou – Heber fez menção de responder, mas Sem o impediu – pedi que me trouxesse aqui para que eu visse esta cidade pela última vez, além disso, preciso lhe falar algo. Tive uma visão, um anjo do Senhor disse que desfrutaríamos de um período de paz e prosperidade, que durante este tempo devemos ensinar nossos filhos a se conservarem fieis e obedientes ao Altíssimo. Pois, não muito distante, virá um época de tribulação enorme onde seremos provados. Haverá guerra entre nós e os filhos de Cam. Por isso quero que você seja meu sucessor, já manifestei isso inúmeras vezes e chegou a hora de você assumir o posto. Guie este povo, ensine-o! Que o Deus Altíssimo seja contigo.
Ao dizer isso deu um beijo na testa de Heber e morreu.
Heber sentiu seu bisavô cair sobre si e entrou em desespero. Chorou amargamente. Então ouviu uma voz que dizia:
- Não temas seja forte, pois estarei ao seu lado. Sou o Deus de seus pais e não o deixarei só.
Heber ergueu-se tomou Sem em seus braços e o sepultou. Todos na cidade seguiram o para dentro do Vale de Éden, cavaram um tumulo e colocaram o corpo de Sem. Pratearam durante todo aquele mês a partida de Sem, o último dos sobreviventes da Grande Calamidade. Assim o último dos antigos morreu. Sobre sua sepultura ergueram um grande monumento.

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