terça-feira, 7 de junho de 2011

Babel - 9. Começa a Jornada



“Cuncta stricte discussurus”
(todas as suas ações com rigor!)
As Colinas do oriente era um conjunto de monte de baixa altitude, sendo que o monte mais elevado não chegada a 1300 metros. Os vales eram cobertos por uma mata rala, com árvores de pequeno porte. Das encostas desciam regatos que formavam um dos braços do rio Babel. Esta cadeia de montes seguia o sentido norte-sul.
Logo cedo, ao raiar do dia, os semitas puseram-se em marcha. Dividiram-se em cinco grupos, cada qual com seu guia e caminho diferente. Algumas horas após o alvorecer já havia descido a colina e ingressado nos vales.
Saíram de Babel cerca de 5000 pessoas, incluindo mulheres e crianças.
Heber que seguia guiando seu grupo pela trilha que rumava margeando os montes rumo ao norte, estava pensativo e calado durante todo o dia. Segundo os planos eles deveriam seguir aquele caminho por três dias e depois cruzar os montes as margens de um rio.
- Meu filho você parece triste em deixar Babel - Disse Salá.
- Não meu pai! Estou extremamente alegre em seguir para Éden. Estou apenas pensando nas palavras de Sem. Ele atribuiu a mim grandes responsabilidades - Respondeu Heber com ar de quem estava prestes a abandonar tudo e sair correndo sem rumo.
- Filho, o Altíssimo tem tudo preparado deste quando ele criou o mundo. Não se preocupe demasiadamente. Coloque seu coração nas mãos dele e no devido tempo tudo será respondido – Falou Salá tentando reconfortar seu filho - Mas, já começa a escurecer, é melhor pararmos aqui.
Os dois dias seguintes transcorreram se tranquilamente. Ao chegarem ao rio, seguiram caminhando dentro do leito, pois era raso. O vale no qual cruzaram era cercado por oliveiras nativas e algumas figueiras. As crianças divertiam-se colhendo os frutos e às vezes levavam para os adultos comerem, em outros momento elas corriam a frente do grupo do lado de fora do rio e tentavam fazer armadilhas para capturar peixes, raras vezes conseguiram pegar algum. Mas para elas tudo era novidade e brincadeiras.
Mas os adultos estavam tensos, um tanto pesarosos por deixa para trás suas casas e a maioria de seus bens. Além do mais aventurar-se em um mundo desconhecido não os agradava. Alguns chegaram a chorar quando viram Babel pela última vez. Mas pela influencia de Heber, que falava constantemente sobre as maravilhas do Éden, exortando para que ninguém caísse e voltasse para aquele mundo de corrupção.
Após dois dias subindo pelo rio, ele foi ficando cada vez mais estreito e a subida mais esgrime. No quarto dia subiram uma escarpa alta, ao lado esquerdo do rio, e no topo, viram as imensas pradarias que iam até o horizonte. Daquele ponto eles viraram para o sul seguindo pelo outro lado dos montes. No dia seguinte encontraram com o primeiro grupo e pernoitaram juntos, cada um contanto os detalhes do seu caminho.
Dali, seguiram em direção ao oriente caminhando em linha reta. Depois de dois dias chegaram ao local onde já estavam acampados outros dois grupos que haviam seguido pelos caminhos mais curtos. Seguiram o caminho e alguns dias depois encontraram o último grupo, liderando por Elão, que havia seguido pelo caminho que ia para o sul dos montes.
As pradarias eram campos de capim rasteiro que ficavam em uma altitude de cerca de 900 metros. Elas se estendiam até ao norte quanto terminavam no grande deserto de areia. Ao sul margeavam o lago salgado. Ao oeste limitavam-se pelas cadeias de montes e depois pela planície de Sinear. Seguindo para o leste, as pradarias acabavam abruptamente nos penhascos, aos pés dos quais havia um floresta imensa de proporções que nenhum dos Semitas jamais havia visto.
Depois de dez dias de caminhada chegaram a um grande rio, que era muito largo e raso. Naquele local descansaram um dia. No dia seguinte continuaram a jornada caminhado dentro do leito do rio, procurando não deixar rastros.  Dois dias após estarem rumando dentro do rio, vislumbraram algo que nunca havia visto. Enormes manadas de um animal parecido com um boi, porém muito maior, mais peludo e selvagem, que estavam bebendo água em uma curva do rio. Alguns da família de Elão, correram em direção daqueles animais enormes, tentando abater algum. Tiveram sucesso e mataram três animais, naquela noite todos comeram pela primeira vez aquela carne de cor vermelha escura e gosto intenso.
Coincidentemente, na manhã seguinte, no mesmo ponto do rio onde os bois selvagens tomaram água, veio uma manada de cavalos selvagens. Eram grandes, musculosos, os mais belos que já se virá. Então os homens interpretando que era a mão do Altíssimo que lhes dava tão lindos animais, cercaram os cavalos e conseguiram capturar o líder da manada. Não, sem grande esforço para domá-lo. Quando o garanhão líder foi preso o resto da manada ficou próximo sem debandar. E todos os cavalos foram capturados.
Depois disso, seguimos pela margem sul, pois o rio tornara-se mais profundo e rápido.
Sete dias depois chegamos ao despenhadeiro, onde o rio desaguava em uma cachoeira gigantesca. Ao verem o tamanho da floresta que estava no fundo do vale e que ia, em todas as direções a perder de vista. O povo ficou maravilhado e assustado. Neste momento Heber tomou a palavra e disse ao povo:
- Irmãos! Vejam o inicio dos nossos domínios! Ao descermos este penhasco e chagarmos ao fundo do vale vocês verão que esta terra possui riquezas com as quais jamais sonhamos. O Altíssimo nos deu e conservará conosco e com os filhos de nossos filhos se formos fiéis.Vejam lá ao longe aquele pequeno monte – apontou em direção ao sudeste, onde ficava o vale de Éden – daqui parece uma colina insignificante, mas ele aponta o local onde construiremos nossa cidade. Não tenham medo! Continuemos a jornada que o Deus Altíssimo nos ordenou e ao final receberemos nossos prêmios. Por isso convoco á todos que hoje prestemos grande culto ao nosso Deus. Pois já faz um mês que deixamos Babel e até agora nada de ruim nos ocorreu. Assim, engrandeçamos ao Senhor!
Todo o povo ovacionou o discurso de Heber e imediatamente forma preparar o culto solene ao Deus Altíssimo.
Após o culto, Heber viu uma moça com olhos cor de mel, pele alva e longos cabelos cacheados, de uma cor misturada de bronze e dourado, de constituição pequena, delicada, mas dotada de uma graça e simpatia impar. Ela dançava ao lado de seus irmão e irmãs. Ela era a filha mais moça de Elão. Heber notou que ela olhava discretamente para ele. Naquele momento sentiu algo que nunca havia sentido antes.

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