domingo, 3 de julho de 2011

Babel - 24. A viagem pelo lago Salgado



Após o termino de Gilgal, Heber retornou para El-zedeque juntamente os construtores com o propósito de edificar as cidades de dentro do vale. Ao Chegar as margens do lago Genesaré disse a Hirão:
- Descanse por alguns dias, depois inicie os preparativos para começarmos os trabalhos no vale. A primeira será Betel. Durante os preparativos deixe que os homens fiquem com suas famílias. Daqui a três dias partirei com Assur para as cavernas de que ele falou no conselho. Talvez eu vá um pouco mais longe. Porém esta nas mãos do Altíssimo.
- Vá em paz! Cuidarei do que se fizer necessário. Respondeu Hirão.
Naquela noite Elão recebeu seu genro e sua filha com um grande banquete, no qual toda a família de Heber foi convidada, foi uma grande festividade. Por três dias comemoraram o retorno de seus filhos amados.
Era o terceiro dia de festividades, Heber estava no terraço da casa de Elão, de onde se podia ver o porto, passaram-se três anos desde que ele virá pela última vez o porto de El-zedeque. Agora ele estava repleto de barcos, alguns maiores do que ele jamais imaginara. Assur dominara todas as técnicas de navegação e se lançara de modo audacioso na conquista e desbravamento do lago salgado, que agora era chamado de mar. Há algum tempo que Heber pensava em viajar pelo lago salgado, em parte para ir as grandes cavernas, em parte para ver como era o outro lado das montanhas. Enquanto devaneava, Milca chegou por detrás sileciosamente, dando-lhe um grande susto:
- Milca! Deus Altíssimo! Quase morri de susto! Disse Heber com o coração acelerado.
- Ora! Ora! Onde estavam os pensamentos de meu marido que nem sequer percebeu que sua mulher se aproximava? Perguntou Milca com ar brincalhão.
- Deculpe-me meu amor! Eu estava pensando nas grandes cavernas. Deverei ir até lá para vê-las.
- Mas por que isso o preocupa?
- A idéia de viajar pelo mar não me agrada, acho que é perigoso. Por isso tomei a decisão de que você deverá permanecer em El-zedeque.
- O que?! – disse Milca indignada – desde que nos casamos tenho te acompanhado em todos os lugares. Fiquei ao seu lado durante a construção de Gilgal e ficarei durante o resto de minha vida e não é uma viagemzinha pelo lago salgado que me afastará do meu marido. Além do mais, eu quero ver como é do outro lado dos grandes montes.
- Mas é uma viagem perigosa e pode acontecer algo com você...
- Se é perigosa para mim é para você também! E se for para que você morra e eu fique viva, prefiro morrer ao seu lado.
- Mas...
- Nada de mas! Eu também sei que você quer ir até o outro lado dos montes, eu quero ir para cuidar de você. Eu vou junto. Respondeu de forma enfática que não dava margem para novas argumentações.
- Está bem! Vejo que quando quer você é irredutível. Disse Heber abraçando Milca carinhosamente.
- Ora sou filha de quem? – Respondeu sorrindo de beijando Heber – Tem um convidado que chegou agora e quer falar com você, por isso vim procurá-lo.
- Quem é?
- Assur, parece que quer partir em breve. Vou chamá-lo. E não se esqueça que deverá ter acomodações para nós dois – Beijou novamente Heber e saiu.
Momentos depois Assur entrou no terraço e saudou Heber:
- Olá Heber! Há quanto tempo não nos vemos!
- É com grande prazer que falo novamente com você! – E os dois se abraçaram fraternalmente – Quais as novidades?
- Muitas, graças ao Altíssimo! Temos nos aperfeiçoado muito ma construção de barcos e na arte de navegação. Cada dia vamos mais distante no mar e ao longo das costas.
- Mas isso não é muito perigoso? – perguntou Heber com um pouco de receio.
- Sim é perigoso. Às vezes encontramos tempestades que já afundaram alguns navios, mas aprendemos a evitar os climas e épocas ruins para navegar.
- Agora é uma época ruim para se navegar?
- Caro Heber porque todo este medo? Nossa viagem será ao longo da costa, além do mais, esta é a época em que o mar está mais calmo.
- Assim espero. Mas, conte-me um pouco sobre as viagens que vocês estão fazendo.
- A ultima viagem que fiz navegamos ao largo, rumo ao oriente, depois de dos montes há um grande deserto de areia. Logo após, começam grandes florestas, muito maiores do que a nossa. Encontramos algumas que crescem verticalmente, por centenas de metros, sem nenhum galho na base, apenas no topo é que se forma a copa. Quanto termina a floresta de árvores gigantes, a costa muda de direção e sobe rumo ao norte, acompanhado a costa, a cada dia de navegação o clima foi ficando mais e mais frio. Fomos até um ponto em que só havia gelo a nossa frente. Então retornamos para preparar uma nova viagem para o norte. Também fomos e direção ao sul. Navegamos por sessenta dias e não vimos terra. Depois tomamos a direção do ocidente, navegamos por mais trinta dias, quanto estávamos nos preparando para retornar, deparamo-nos terra, aportamos, reabastecemos nossos viveres, os animais daquela ilha são fantásticos  alguns andam saltando sobre duas patas, tem m rabo enorme e os braços pequenos, outros parecem uma mistura de  cães e felinos, e são extremamente ferozes, encontramos aves de todos os tamanhos, algumas pareciam uma galinha mas do tamanho de um homem, são dóceis e tem uma carne saborosa. Encontramos também aves corredoras que não conseguimos capturar, pois são velozes. Havia alguns homens de Arfaxade conosco, ele fizeram alguns estudos dos minerais da ilha e descobriram que há minérios em abundância, ficamos quase um mês naquele porto, como a estação já havia mudado e não seria prudente retornar naquela época, decidi explorar as terras ao largo, descobrimos que na verdade é uma imensa ilha, com monte mui altos e lagos internos belíssimos. Gostei tanto de lá que em breve pedirei ao Conselho que fundemos lá uma colônia. Quem sabe o resultado desta guerra que travaremos com Ninrod, nesta ilha poderíamos nos refugiar para evitar a guerra.
- Isso não será possível, Assur – Disse Heber com uma voz triste – a guerra entre nós e Ninrod foi decretada pelo Altíssimo. Não sabemos quando acontecerá. Sabemos apenas que quem a iniciará será Ninrod. Peço ao altíssimo que sejamos os vencedores. Quanto a fundar a colônia sou a favor de empreendermos esta missão, mas apenas quando terminarmos de construir o vale de Éden.
- Não há problemas, a ilha não sairá tão cedo de lá. Mas, quanto a nossa viagem partiremos em dois dias. Está tudo pronto?
- Sim, só há um problema! Milca deseja ir comigo, e não vejo como dissuadi-la. Há acomodações para nós dois no navio?
- Deixe comigo! Respondeu Assur com jeito brincalhão – não há com o que se preocupar.
No dia marcado zarparam rumo as grandes cavernas. Heber enjôo durante toda a viagem. Milca sentia-se muito a vontade e não se incomodava com o molejo do navio. Ela cuidou de Heber naqueles dias. Após uma semana de navegação muito tranqüila chegaram à entrada da caverna. De lá era possível avistar a grande cachoeira, era uma visão magnífica. Quando entraram nas cavernas acenderam tochas e a visão de seu interior era deslumbrante, algumas paredes pareciam que eram feitas de pedras preciosas. Heber até melhorou de seus enjôos ao ver um local tão magnífico. No local demarcado aportaram e subiram pelas grutas até sair dentro do vale, nas proximidades do lago Cafarnum. Após isso, seguiram viagem pelo mar até o outro extremo dos grandes montes, nas fontes de betume e petróleo. Então retornaram a El-zedeque.
A ver a entrada do porto, Heber sentiu um grande alivio em saber que logo estaria em terra firme. Neste momento Assur se aproximou e disse:
- Vejo que já esta se acostumando com o mar!
- Simplismente não há nada em meu estomago! Como você pode gostar de viver deste jeito?
- Eu não gosto é de ficar em terra firme, é monótono. Enfim, o que você achou das cavernas?
- Maravilhosas, são belíssimas! Porém, elas podem ser usadas para invadir o vale, portanto devemos protegê-las. Quando estivemos construindo Cafarnaum faremos as obras necessárias lá também.
- Mas o que são obras necessárias para você? Perguntou Assur um tanto contrariado e rispidamente.
- Um porto, um sistema de defesa na entrada do mar, alargar a saída para o vale, depósitos e oficinas de manutenção de navios e um sistema de iluminação. Estas são as obras necessárias. Disse Heber secamente.
- Sim estas são as obras necessárias, eu estarei com você quanto for construir lá para que as necessidades dos marinheiros sejam convenientemente supridas. Respondeu Assur em tom mais amigável.
A chega ao porto foi tranqüila, sem percalços.

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